domingo, agosto 31, 2008

DA NOITE À NOITE



A noite dançou à volta da lua escondida
As nuvens foram tules bordados a ouro
Cobrindo os brilhos, enquanto as fadas
Balançavam seus véus numa imagem perdida…
E eu, qual flor num jardim, tremia de medo…
Perdida dos sonhos ao luar e dos amores
Porque atrás do luar, fui preterida…





31.08.08

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sábado, agosto 30, 2008

SÓ ESTE CANSAÇO…

O que sinto cá dentro é cansaço
Não do trabalho nem da alegria,
Nem sequer dos sonhos ou da fantasia:
Este cansaço é assim mesmo,
É mesmo fadiga desta agonia…

A agudeza dos sentimentos inúteis,
A paixão assaz forte por coisa nenhuma,
Este amor intenso pelo imaginado alguém.
Todas estas coisas e a doença; todas!
Essas e estas: o que faz falta é a verdade
E por tudo isso e tudo isto, sinto cansaço,
E este cansaço é o avanço,
Que me desliga e só provoca cansaço.

Tu amas o infinito e procuras o possível,
Eu desejo o impossível e procuro o eterno…
A minha dúvida é que não queiras nada…
E nos teus ideais nem eu, nem nenhum outro…
Eu amo infinitamente o impossível,
Ou talvez seja o impossivelmente possível…
Tu queres tudo, ou um todo, sem que o possas ter…
Eu canso-me de sonhar até morrer...

Queres saber o que penso?
Para ti a vida é vivida, não sonhada,
Para mim o sonho sonhado não é vivido,
Por isso, por isto, e pela dor,
A minha dor tão grande, sinto cansaço…
E crê, até é bom ter este cansaço
Porque vivo ainda, para poder morrer de cansaço…

30.08.08

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terça-feira, agosto 26, 2008

FIOS DA VIDA


Os fios da vida passam pela minha mão,
Tecendo um pano vivo de cor indefinida
São fios finos como os de qualquer tecelão
Que faz rendas finas para o altar da ermida…

Teço fios vermelhos e faço um coração
Enrolo os fios e depois desenrolo-os em vida
Teço tecidos com desenhos da minha imaginação
E faço-os em lenços de qualquer lágrima perdida…

Fios e fios entrelaçados são mantos sagrados
São quentes cobertas de pobres desgraçados
Ou delicados lençóis de jovens enamorados…

São talvez a mortalha que teci chorando
Enquanto ao pôr-do-sol e por ti esperando,
Fui abandonando meus fios emaranhados…


26.08.08

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segunda-feira, agosto 25, 2008

ENLEIO POETICO


Amanhã, quando a água cantarolar nas fontes
E o azul do céu brilhar, esperarei por ti…
Virás contornando todas as curvas dos montes
Para apagar todas as angustias que senti…

Esperarei por ti, impaciente, de braços abertos
Com ilusões e muitos sonhos no regaço…
Deixarei os caminhos de rosas cobertos
E hei-de enfeitar-me com fita branca e laço…

Amanhã, quando os pássaros chilrearem
E as nuvens forem um rendilhado no horizonte
Ficarei contigo enquanto por aí tagarelarem
As gentes com quem te cruzaste no monte…

E porque amanhã, sorridentes, de mão na mão
Vamos deixar resplandecer em nosso olhar
O mais belo esplendor de uma doce ilusão
Que será imortalizada por tanto te amar…

25.08.08

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sexta-feira, agosto 22, 2008

INSPIRAÇÃO DA NOITE


A noite esvaziou-se num suspiro
E a madrugada tombou
A espera foi vã…
Falhou a promessa
Ficou o agora…
Ninguém me sussurrou
Ninguém disse nada.

Escureceu o luar
E veio a madrugada
Que tombou pela manhã
E em silêncio
Também não disse nada…
E a espera, eternizada
Gravitou como uma estrela
Pelo Universo…

22.08.08

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terça-feira, agosto 19, 2008

POEMA CASUAL


Procurei por ti a vida toda, em vão;
Caminhei por longes terras, solitária.
Perguntei a gentes o que era paixão;
Evasiva resposta: uma história lendária…


Existirias para além da minha imaginação?
Não serias uma estátua de pedra calcária,
Para onde olhava e só via ternura e devoção…?
Ou serias a realidade da minha alma solidária…?


Passos dados, sempre em vão, tão triste…
Sempre concluí que esse amor não existe…
Apenas na mente doentia dos apaixonados…


Músicas escutadas, baladas de enternecimento,
Foram as companhias do meu isolamento;
Foram o incentivo dos momentos desolados…

23.10.05

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sábado, agosto 16, 2008

FOI E NÃO FOI EM AGOSTO


Venho sempre aqui em Agosto…
Uma romagem de saudade;
Um reviver do que nunca foi bem vivido…
As lágrimas correm-me pelo rosto
E invento mentiras para serem verdade
Porque ao certo nunca te soube um querido…

Nesta rua, cheia de carros em Agosto.
Como se não fora verão de verdade,
E nada em mim fizesse sentido….
Venho em romagem de desgosto
Venho procurar a realidade,
Sem te mostrar meu amor ressentido…

Noutros olhos já não vejo os teus. Nem o rosto…
Pelos meus correm as lágrimas da agonia
Que os tempos fizeram crescer por ti…
E uma vez mais em Agosto,
Triste e só numa profunda melancolia
Penso que na verdade nunca te vi….

16.08.08

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quarta-feira, agosto 13, 2008

POEMA À TRISTEZA


Sem esperar, de surpresa, chega a tristeza
Vem de mansinho, silenciosa como a morte,
Primeiro mostra esperança, sonhos e beleza
Depois rindo, vai dizendo que não havia outra sorte…

Ambas têm velas e flores roxas de frieza
Envoltas no nevoeiro do mar, que vem do norte
Talvez do sul, onde o azul é uma lindeza…
E onde o cheiro das flores é mais forte…

Tristeza! Porquê me abraças tão fortemente
Se de mentira te espreguiças pela minha mente
E no escuro do ocaso me deixas em choro perdida?

Tristeza! És a morte da minha alma já rejeitada
A desventura de sonhos junto de uma alma amada
O desespero, a agonia de quem ficou desiludida….

13.08.08

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terça-feira, agosto 12, 2008

DISTANTES SEM DISTÂNCIA

Tão perto e tão longe de repente…
Quando o tempo não passa de miragem
E o silêncio é o efeito das palavras perdidas,
De distâncias que não se entendem…
Mas a distancia não é para entender.
Distância existe se quiser a nossa mente,
Porque no tempo e sem tempo há a viagem
Que os sonhos dão, sarando as feridas
De ser ausente das almas preteridas,
De causar toda a dor que essas almas sentem,
E vivendo são almas que pedem para morrer…

Assim, sempre assim, nada é diferente…
Tudo se repete, só porque quem está ausente
Não avalia o estrago que a dor da distância faz.
Nem o vazio que deixa qualquer um demente,
Porque só, em distância apenas está, quem jaz…

11.08.08

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segunda-feira, agosto 11, 2008

UMAS PALAVRAS PARA TI


Logo que chegues mata a minha saudade
Escreve muito como sempre costumas fazer...
Conta-me minuciosamente toda a verdade,
Em palavras belas, para o meu sonho crescer...

Na hora do sol-posto há sempre realidade
É a hora que te recordo, como se estiveras a viver
É no tempo em que revejo a minha saudade
E choro desabridamente, com vontade de morrer…

Porquê vais sempre quando apenas te queria
Perto, muito perto para suportar esta agonia
Que não tem nome, apenas sei que algo se perdeu…

Porquê não vens e me abraças com ternura,
Deixas que as tuas palavras sejam mesmo de candura
Fazendo esquecer meus choros por quem morreu…

11.08.08

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domingo, agosto 10, 2008

PERSISTES EM MEU PENSAMENTO

Pela manhã, quando o sol brilhar no horizonte
E eu aqui e tu além, esperas que vá para aí,
E eu nem sei se irei ou ficarei no monte…
Porque o Monte Gordo está tão longe de ti…

Talvez caminhe contigo no pensamento
Sem nada querer ver nem nada ouvindo,
E só, qual sombra, deixo sair o meu lamento
Porque por muito andar, já vejo a noite vindo…

O crepúsculo pede uma oração por quem jaz
E na rósea faixa do horizonte eu desespero
Porque nem sei rezar, nem sei deixar-te em paz
E mesmo que não quisesse, é sempre por ti que espero…

11.08.08

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sábado, agosto 09, 2008

FARRAPOS DE NUVEM


Farrapos de nuvem esvoaçam perdidos
São talvez sonhos ou talvez pobres mendigos
Procurando onde esconder as suas mágoas…
São apenas farrapos de sonhos iludidos
De alguém que vai morrendo banido…

São farrapos brancos, todos rendilhados,
Apenas pedaços de nuvens esvoaçantes
Como as lágrimas dos sós e abandonados…
Vagueando à deriva; almas errantes
De quem pelo amor foi preterido…

São ondas ornamentadas de espumas
Como pedaços de nuvem a esvoaçar
Ambas, como rendas finas a ornamentar
Parecem pedaços soltos de plumas
Das deusas que vêem para amar…

E nas ondas vou chorando amargamente
Olhando os farrapos de nuvem…
Morro sofrendo, saudosa e demente
Porque sendo não é ninguém…
Apenas quem está sempre ausente…

09.08.08

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quarta-feira, agosto 06, 2008

DIVAGO


Fantasma é a figura que recordo
Depois de já não ser eu,
Porque depois serei o nada…
Serei somente quem morreu
Os passos que dei são degraus
Da longa escada que desci,
E todos os momentos maus…
Foram todos os que te perdi…
Quem fui, só aparência,
Sem deixar de ser real…
Com mil actos esquecidos
Nos braços da violência
Desculpo-te de todo o mal…
Por aqueles momentos queridos…


06.08.08

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segunda-feira, agosto 04, 2008

MEU AMOR

Amei-te à luz brilhante do sol e na palidez da lua
No silêncio, impaciente, esperava que chegasses
E se chegavas, no deleite do silêncio sonhava…
Gravei o teu nome nas estrelas e na minha pele nua
Esperando iludida que na poesia acontecesses
Enquanto a tua voz era o hino que muito amava…
E nunca te chamei meu amor para não te perder
Mas o teu beijo, trago-o na boca, como um segredo
Que ninguém sabe, que nem ninguém vê …
E me faz sorrir porque ninguém pode ver.
Sinto por vezes que a sorrir me traio e tenho medo
Porque de noite, nas noites de breu, sem lua,
Chamo-te baixinho “meu amor” e aconteces…
Aconteces como sempre sonhei… ser tua…


O4.08.08

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sábado, agosto 02, 2008

O QUE SINTO AGORA…


Latejam em mim as palavras deste poema
Acompanham as batidas do coração…
É verdade. Não é fita de cinema…
É o que sinto por dores de uma ilusão.

Angustia e morre na garganta o fonema
E o medo faz parar a irregular pulsação
Utópicas e estranhas imagens são o lema,
Da vida que não vivo, nem por mera imaginação…

O teu sono sem o meu sono é a ansiedade
Que não partilho, nem por necessidade…
Porque a saudade controla todas as pulsões…

Eis porquê neste poema deixo minha tristeza,
Deixo a fé, deixo aquele sonho de beleza,
Deixo as lágrimas defuntas, sem contemplações…


02.08.08
(comment ao último poema do Caderno da Alma)

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