O que sinto cá dentro é cansaço
Não do trabalho nem da alegria,
Nem sequer dos sonhos ou da fantasia:
Este cansaço é assim mesmo,
É mesmo fadiga desta agonia…
A agudeza dos sentimentos inúteis,
A paixão assaz forte por coisa nenhuma,
Este amor intenso pelo imaginado alguém.
Todas estas coisas e a doença; todas!
Essas e estas: o que faz falta é a verdade
E por tudo isso e tudo isto, sinto cansaço,
E este cansaço é o avanço,
Que me desliga e só provoca cansaço.
Tu amas o infinito e procuras o possível,
Eu desejo o impossível e procuro o eterno…
A minha dúvida é que não queiras nada…
E nos teus ideais nem eu, nem nenhum outro…
Eu amo infinitamente o impossível,
Ou talvez seja o impossivelmente possível…
Tu queres tudo, ou um todo, sem que o possas ter…
Eu canso-me de sonhar até morrer...
Queres saber o que penso?
Para ti a vida é vivida, não sonhada,
Para mim o sonho sonhado não é vivido,
Por isso, por isto, e pela dor,
A minha dor tão grande, sinto cansaço…
E crê, até é bom ter este cansaço
Porque vivo ainda, para poder morrer de cansaço…
30.08.08
Etiquetas: poesia