terça-feira, dezembro 30, 2008

IMAGINAÇÃO


De granito, musgos, cinzas e ideias,
Numa alta montanha de dores,
Construí o meu castelo sem ameias
Para lá guardar os meus amores

Cobri os jardins de doiradas areias.
Deixei por lá uns moanas faladores
Gentes livres, sem amarras ou correias
Fazendo coro, com pássaros palradores…

Plantei e cresceram micaias aqui e além
Para com os fortes espinhos me picar
E me ferirem sem respeito e com desdém…

No lago, meti uns peixes sapo a nadar.
São reis, mas não servem a ninguém…
São seres do meu castelo a sonhar…


10.11.88

Etiquetas:

terça-feira, dezembro 16, 2008

SOCALCOS DE TRISTEZA


Foi de ouro
Foi de prata
Foi de sonho
E platina
Foi alma ingrata
A seguir a sua sina…
Foi de pedra
Foi de madeira
Foi de aço
E diamante…
No Tejo foi fragata;
Sobre a torre, bandeira
E já cheia de cansaço
Até foi tua amante…
Foi só risos,
Suspiros...
E brincadeira…
Depois foi desespero.
Sem beijos
Foi calçada escorregadia
Foi vento forte
Foi suspiro e arquejos
Foi lúgubre melodia
No momento da morte…
Da morte do sonho
Que foi de prata,
Que foi de ouro
E se perdeu em ti um certo dia…

16.12.08

Etiquetas:

segunda-feira, dezembro 01, 2008

QUADRAS PARA LISBOA


Dos ardinas - olha os jornais
E as vendedeiras de limões
Eram os cantares matinais
Em melódicos pregões…

Novembro mais as castanhas
Para aquecer as nossas mãos
Porque depois das sardinhas,
Vinham elas aquecer os corações…

Lisboa, minha Lisboa velhinha
Com muitos becos e colinas
Lisboa com muitas escadinhas
E muitas janelas pequeninas…

Janelas pequenas e floridas
Com muita roupa no estendal
As sardinheiras de cores garridas
Faziam dos bairros um festival…

Do Bairro Alto, ai que saudades!
Mais da travessa do Guarda-mor…
E no Fado aquelas verdades
Que cantavam uma sofrida dor…

Mas a travessa não fechou
Ainda é rua, com outra denominação
Mas guardará sempre quem amou
E também quem lá deixou o coração…

01.12.08

Etiquetas:


Free Hit Counter