sábado, março 31, 2007

POEMA DA SAUDADE


Entre a Lezíria e eu, corre o Tejo
Qual nesga azul, qual manto,
Qual muralha a separar meu desejo;
Rio que vai recebendo todo o meu pranto…

Distante, tão distante, que não te vejo.
Triste de sentir tua ausência: ai quanto!...
Deixo nas lágrimas a saudade do teu beijo
E embalo esta tristeza a ouvir teu canto…

Sussurra o Tejo baixinho, pela margem,
A dizer que ama loucamente esta paisagem,
Mas não oiço tua cantiga a falar de amor…

E para além dos verdes campos da Lezíria,
Esta minha figura, solitária, triste e fria
Na desesperança da distancia… Ai tanta dor!...

31.03.07

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segunda-feira, março 26, 2007

ASSIM É O MEU AMOR



Escondidinho nas nuvens, num canto,
Assim é o meu amor…
Parece fogo, cor de flor.
Tem medo de se manifestar.
Inibido, temeroso, neste lugar,
Fingindo não existir,
Para não te fazer rir.
Amedrontado por o notares
E por isso, te afastares…
Faz de conta que és um amigo
Quando passeias comigo.
E por isso, vive escondido…
Para não ser preterido.
O meu amor disfarça a toda hora,
Por isso brinca, para não te ires embora…
Brinca ao faz de conta,
Que foi ontem, mas é agora…
O meu amor vagueia por aí,
Travestido de amigo e companheiro,
Para te ter perto o tempo inteiro…
Mas o meu amor omite palavras românticas:
Está proibido de fazer declarações;
Amua, para não demonstrar emoções,
Está impedido de dar carinho declarado…
Então, vive perdido e enclausurado.
Tudo sofre, só para te ter a meu lado.
Meu amor, um amor clandestino,
Vive suplicando um único instante de carinho…
Meu amor é o meu inimigo,
Porque mesmo estando comigo,
Jamais poderá aparecer,
Só para não mostrar meu sofrer.
É meu anjo invisível,
triste e impossível;
Mas meu amor não me provoca mais dor,
Porque à noite, quando me deito,
Muito só, no meu leito,
Me enche de calor…
Meu anónimo amor,
Imaginado, sobrevive longe, mas a meu lado:
Sobrevive a cada minuto, impaciente e amargurado…
E assim a minha vida vai passando,
Digo que estou feliz: vou-te enganando...
Porque esta mentira,
Cala meus ais,
Pois cada vez te amo mais…

26.03.07

terça-feira, março 20, 2007

OCASO



Cem nomes que eu diga,
só o teu baila em meus lábios.
cem pássaros que voem,
apenas são asas que voam.
Apenas tu e só tu...
É o teu nome para a eternidade,
nos meus lábios ressequidos
pela espera de beijos perdidos
nas manhãs violeta,
nos crepúsculos púrpura...
És tu, que não és ninguém
apenas uma incomensurável noite
que no meu vai e vem
se perde entre as estrelas
e o luar que já nem brilho tem...


Na vastidão nocturna,
Em que os sonhos comandam,
Desces pelo meu peito
Inundas meu pensamento
E és o pássaro perdido…
E vejo teus olhos esverdeados
Entre a bruma do ocaso
Tirando-me deste lamento,
Afagando-me a mão
Tirando-me da solidão…



20.03.07

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VAGUEANDO



Canteiros de flores viçosas
Árvores altas e esguias
Sombras frondosas;
Os pássaros no seu canto primaveril.
Mas o parque é perigoso...
Entre as flores há figuras,
Há estátuas de pedra fria
E às vezes um par mais amoroso…
Há alguém perverso a dizer mentiras
(porque amar é uma mentira...)
E quando se ama sozinho...
Quando do sonho ninguém nos tira,
Vagueamos como dementes.
E eu vagueio solitária…
Vagueio no sonho pendente.
Mas há sempre aquele ninguém,
A espreitar entre as flores
Observando indiferente,
Sempre a duvidar de nossas dores...
Dores de amor, dores de quem sente
Que só a morte não mente…


19.03.07

sexta-feira, março 16, 2007

FUI, ERA, NÃO SOU


Nasci numa madrugada, algures no Verão,
Raiou o Sol pela manhã e os melros cantaram.
Madrugada fora e os raios de Sol brilharam
E eu cresci entre as cores da imaginação…

Sempre a sonhar deixei-me vaguear na ilusão
E aí, meus olhos perdidos choraram
Rios de lágrimas, rios que nunca pararam,
Desenfreados, correndo por penhascos, em vão…

Riscaram-me aquando jovem, como estudante
Eliminaram meu fulgor de mulher amante
E fui ficando, sendo, sem nunca ser….

Incisiva, acutilante a dura e real verdade
De quem jamais sentiu sua realidade
E sem mais esperança, apenas quer morrer…


14.03.07

quinta-feira, março 15, 2007

LOUVOR À NATUREZA


Vim ao concerto da Natureza;
Sentei-me na escarpa rochosa
E deleitei-me com tanta lindeza:
Sons puros, na tarde púrpura e rosa…

As ondas embaladas com singeleza
E o seu marulhar na rocha é prosa
Que vão declamando, com a certeza
E com a doçura de pétala de rosa…

A cor e os sons palpitam de beleza:
São os suspiros profundos da Natureza;
Eu, só na paisagem, sou um espectador…

As gaivotas voam em curvas sinuosas
E minhas lágrimas correm silenciosas
Porque entre tanta beleza, falta-me amor…

01.03.07

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terça-feira, março 13, 2007

TUDO O QUE NÃO SOU


Eu queria ser um botão de rosa
Salpicado pelo orvalho da madrugada.
Eu queria ser o trinado do pássaro,
Pousado naquela alta pernada…
Eu queria ser o sussurro cadenciado
Do regato, correndo despreocupado,
Ou talvez quisesse ser o pedaço de nuvem
Que esfarrapado, corre sem parar…
Eu queria ser o espaço celeste
Cheio de estrelas e luar,
Sem sombras, nem tristeza,
Para mais tarde me recordares…

Eu queria ser o suspiro do poeta,
Quando ama desesperado…
Queria ser quem não sou,
Queria dar-te o que não dou,
Meu querido e bem amado.

13.03.07

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quinta-feira, março 08, 2007

OITO DE MARÇO


(A todas as mulheres do Mundo)


Uma flor desabrocha no Jardim Vida,
Uma estrela que brilha na noite calma,
É uma rosa vibrante, escarlate.
Uma saia rodada, blusa garrida,
Cantando as dores que lhe vão na alma,
Quer seja loira ou cor de chocolate
É Mulher! É uma mãe querida…

Uma lágrima nos olhos da saudade,
Um suspiro profundo e angustiado
Às vezes um sorriso de compreensão
Outras a revolta pela crueldade,
Ou mesmo assumindo um ar sofisticado,
Escondendo as penas do coração
É Mulher! É a Mulher de verdade…

Profissional atenta e responsável
Médica, professora, simples empregada,
Camponesa, mulher esposa, mulher mãe,
Calorosa amante, mulher sensível, amável
Alegre, triste, mas sempre apaixonada
Lutando pelo amor, como o seu melhor bem,
Mulher! Por isso o Ser mais adorável….

08.03.07


domingo, março 04, 2007

ESCREVI


Escrevi. Escrevi muitas palavras, em vão.
Escrevi à toa, em verso solto ou rimado
Escrevi para ti, ou para a minha ilusão…
Escrevi para saberes que eras o meu amado…

Palavras, apenas palavras do coração,
Palavras de alguém, muito apaixonado.
Palavras que escrevi cheia de paixão,
Palavras nunca lidas pelo meu amado…

E a escrever palavras levadas pelo vento,
Contigo sempre em meu pensamento,
Fiquei sempre só, sempre perdida…

Pois que todas as minhas palavras de amor
Somente traduziram toda a minha dor,
Por um alguém que me deixou preterida….


04.03.07

sábado, março 03, 2007

TÃO INFELIZ … …

Lê atentamente a minha poesia
Para que se cumpra a profecia
De eu ser uma mulher só,
Feita cinza ao vento: ser pó…

Foste a minha bela fantasia,
A minha suave e doce melodia…
Foste a mais bela partitura em dó
E deixas-me mais mísera do que Job…

Porquê tentaste dar-me alento
Quando nem tinhas em pensamento
O quanto sempre te quis?...

Porquê foges desta realidade
E me deixas cheia de ansiedade,
Feita cinza ao vento, tão infeliz?...

03.03.07

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