sexta-feira, março 24, 2006

POR CAUSA DO AMOR


Como uma maldição
Criou-se o Amor…
Feito de sonhos
De falsidades
De ilusão…
Vestido de dor,
Com pesadelos medonhos…
Procurando realidades…

E passou a existir,
Com o nome de Amor,
Para fazer guerra,
Originar ambiguidades,
Confusão…
Oferecer muita dor
E outros sonhos,
Que só são maldades…

E o Homem ficou desumano.
Ficou triste e aventureiro.
Trocou o sagrado pelo profano
Trocou o galanteio pelo brejeiro
Tornou-se num jogador,
De palavras, de fingimento…
Em que o Amor
Não é senão um tormento…

24.03.06

terça-feira, março 21, 2006

21 DE MARÇO


Há cânticos por toda a parte, de amor.
A passarada voa e chilreia alegremente
Poisando aqui e ali, nos ramos, numa flor…
É como que um hino cantado docemente…

O Homem tem novos pensamentos, sem dor,
Faz novos namoros, agindo maquinalmente
Como que fosse um néctar dado, sem pudor
E na roda da vida, entontece a quem mente…

Mas há esperança no canto da passarada
E nos das gentes que ainda viva apaixonada.
Porque viver não é senão dar, para receber…

É como a Primavera, que nos dá alegria,
Deixa que os pássaros cantem a sua sinfonia,
Que nos vai trazer o que esperamos receber…

21.03.06

segunda-feira, março 20, 2006

NÓS


Confessar! Vil forma de exteriorizar.
Deixar o segredo ser um livro aberto
Mostrar que a verdade pode ser errar,
Desejar o impossível do que está perto…

Vaguear no sonho e dizer-se liberto,
Exprimir o erro, para se desobrigar,
Fazer-se de idiota, sendo-se esperto,
Mentindo, torneando, para ganhar…

Dizer os segredos, libertar o imaterial
Por muito libertador, pode ser mortal…
É a vingança do próprio sentimento…

Mas livra a alma do peso do segredo,
Que sendo teus, são o meu segredo,
Porque os não confessar, é um tormento…

20.03.06

sábado, março 18, 2006

ARCO-ÍRIS

As cores perderam todo o seu colorido.
Acinzentou-se o céu de nuvens acasteladas
E cada canteiro do meu jardim florido,
Não é senão um jardim de flores espalhadas…

Sobre a lápide de quem me tem sido querido,
Não vou chorar mais, mas rir às gargalhadas.
Não permitirei que deixe meu peito mais ferido.
Hei-de troçar deste sofrer, das horas cansadas…

Horas cansadas, tão tristes, cheias de sofrer,
Horas dolorosas por te amar tanto e não te ter…
Horas em que te dás do que te dei do meu amor,

Horas sem cor. Horas com o arco-íris a brilhar.
Horas que te ofereci, sabendo nada ter a esperar
Horas de mentira, horas perdidas com tanta dor…




18.03.06

sexta-feira, março 17, 2006

A MINHA SOMBRA


Quem sou, onde estou, aonde irei?
Uma sombra distendida pelo chão,
Não mais do que uma sombra serei…
Serei talvez Inverno, nunca o Verão…

O que penso, que desejo: jamais direi.
Apenas saberás que foste uma paixão
Só sonho e que passou. Que enterrei,
Ficando a minha sombra e a ilusão…

Algazarra de sons: Não volto a ouvir.
Palavras soltas de um eterno mentir…
Que a minha sombra não vai guardar…

Pelos montes, pela rua, na pradaria,
Apenas serei a sombra escura e fria
Daquele alguém que sonhou te amar…

17.03.06

terça-feira, março 14, 2006

APENAS SOU QUIMERA


Sem alento, sem esperança, sem querer,
Nada significa o céu azul e o Sol a brilhar.
Toda a expectativa que tinha em te ver,
Esfumou-se em mim, como o vento a soprar…

Todos os sons foram vento forte a varrer
Os sonhos, que noite e dia vinha a acalentar…
Todas as ilusões afundaram-se no meu sofrer
Sentindo a cada momento, distancia no teu olhar…

Nem ontem, nem hoje! Nunca vais conseguir.
Indiferente, sem perceberes, hás-de ver-me partir
Porque cedes-lhes teus verdadeiros sentimentos …

E não sendo ninguém, não passando de quimera,
Apenas sou bruma de uma manhã de Primavera,
Desvanecida pelo fulgor desses encantamentos…

14.03.06

sexta-feira, março 10, 2006

O DIA SEGUINTE!


Hoje! Hoje é aquele dia,
De uma triste beleza sem par.
Há nuvens sem ventania
E aqui estou, sempre a chorar…


Hoje, mulher, porque devia
Esquecer o que é amar,
E desejar a noite ao dia,
Para minha dor acalmar…


Hoje é hoje. Nada diferente.
Um dia igual, só e carente,
Chorando pelo desconhecido…


As cartas escritas a ninguém,
Saudades do nada, também
São tudo o que resta, tão querido…

10.03.06

quarta-feira, março 08, 2006

MULHER!


Ziguezagueando
Pelo caminho da vida,
Sendo profissional
Sendo mãe,
Umas vezes amando,
Outras preterida,
Agora outonal,
Querendo o que não tem
E ainda esperando
Um dia ser a querida,
Muito especial,
De alguém,
Que também vá andando
Por uma estrada florida,
Com sol, sem vendaval,
E não tenha partido para o além…


08.03.06

terça-feira, março 07, 2006

TÃO SOMENTE


Se não fosse falso o que sinto na minha pele,
Toda a vibração que me provoca um estremecer,
Seria o êxtase pleno. Seria o da doçura do mel…
Seria todo aquele encantamento a não esquecer…

Mas o é que não é, vai tendo apenas sabor a fel
E em cada estremecimento somente há o sofrer
Que engelha, arrepia e vai doendo na minha pele…
E o pensamento fixo, unicamente, é o de morrer…

Podes mostrar toda a gentileza, porque é falaciosa
Podes tentar até um carinho, uma palavra amorosa…
Mas vêm aumentar os medos que abalam meu ser…

Teus beijos serão os beijos do novo encantamento,
Serão uma troca de sentidos, num breve momento.
E agora sabes porque choro e apenas quero morrer…

07.03.06

domingo, março 05, 2006

AINDA QUERES VER O MAR?



Como um aroma, as minhas palavras ao vento
São apenas palavras, que já não fazem sentido…
Não têm significado. São o aroma do momento.
São fragmentos de um sonho à força mantido…

Indizível, como uma fragrância, meu pensamento,
É ave que voa, é som do rochedo pelo mar batido,
Que no seu vai e vem, num constante movimento,
Desgasta, fragmenta, faz areia: É rochedo partido…

Mesmo assim, ainda queres vir comigo ver o mar?
Morrerias de tédio, não fora haver gaivotas a voar…
Porque os meus silêncios vão passar a ser infinitos…

E só na areia, à beira mar, irei escrever meus versos
Porque meus sonhos voaram para outros universos,
Onde à deriva, hão-de ser destruídos por meteoritos…

05.03.06

quarta-feira, março 01, 2006

HORAS DO DESASSOSSEGO


As minhas horas todas, estão mortas,
Passam como se fossem forte ventania.
Chego e bato, mas fecham-se as portas…
E eu para aqui fico, tão sozinha e fria…


Escrevo direito, nestas linhas tortas,
Sou como o desespero, só e vazia
E em todas as minhas horas mortas,
Espero sem direitos, o que tanto queria…


E neste deserto, por onde me perdi,
Só, sem norte, sem caminho, sem ti,
Deixo minhas lágrimas correr na areia…


E nesta ilusão de ter o que não tenho,
Em que a minha sombra não tem tamanho,
Sinto que sou louca e presa à tua teia…


01.03.06

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