quarta-feira, setembro 30, 2009

PONTES QUE FORAM PRETEXTO


Com palavras criei canções

Descrevi estradas a construir

Das letras das palavras inventei emoções

E ajudei a construir as pontes do advir…


Pontes são aproximação com separações

Elo de ligação para quem há-de vir

Palavras que belas ou palavrões

Rasgam meus projectos de sentir…


Rios cruzados por pontes

Razões, discórdias que brotam como fontes

Não passam de pretexto para a separação…


As pontes que não cruzei e descrevi

Têm a marca da dor que sofri

Por não serem senão pretexto para a separação…



26.09.09

V.F.Xira

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RELÓGIO!

Relógio. Ponteiros prateados

Tiquetaque cadenciado

Marcando tempos

Marcando horas

Assinalando um prazo…


Minutos contados,

Dentro do ritmo embalados

Marcando tempos…

Sem se perceber porque choras

Alma minha, marcas o prazo.


Relógio! Sem corda

Deixas os ponteiros perdidos

Não marcas o tempo que falta

Porque se foram todos os sentidos…



23.09.09

20H00 – Hosp. Stª Maria

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PALAVRAS MUDAS

Com as palavras mudas faz-se silêncio

Silêncio que faz de mim nada

Nada é o que rodeia a minha alma.

Silêncio enfim, é o nada de todas as coisas

E todas as coisas são silêncio…

Do silêncio, se não estou enganada,

Vem a calma…


Silêncio faz-se em vida

Para construir a morte

Silêncio é a esperança perdida

Como nos jogos de azar e sorte…


Silêncio! Palavras mudas à toa

Palavras soltas no tempo que voa…



22.09.09

19H30 – Hosp. Stª Maria

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SAÍDA

A violência da (des)razão

Circunda-me com dor

Dois passos mais e pára o coração

Adoro-vos!

A todos tenho amor…



18.09.09

07H14 – Hosp. Stª Maria

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NADA E ADEUS!

Adeus!

Sem qualquer lei

Sem previsão

O adeus

Que nunca imaginei…


Adeus!

Palavra rebelde

Sem lei

Quer dizer nada…


Adeus!

Nada e sem nada

Tudo tem um fim

Mesmo sem querer…



17.09.09

21H55 – Hosp. Stª Maria

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terça-feira, setembro 29, 2009

POEMA PERDIDO

Os versos que vou escrevendo

São lágrimas da minha alma

São palavras que não digo

Porque estou por aqui morrendo…


As palavras que dou aos versos

São angústias sem nome

São gestos de um moribundo

Que deixou os sonhos imersos…


As letras que uso nas palavras

São as interrogações que em mim gravas…


Minha escrita são gestos desenhados

Em frases e desenhos guardados…



17.09.09

19H30 . Hosp. Stª Maria

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SUSPIROS E PESTANEJOS

Suspirei,

Fechei os olhos

Escureceu e pestanejei.


Respirei fundo

Dei uma volta

Reabri os olhos

Entrei em outro mundo…


Chorei,

De olhos marejados

Ainda respirei…

Foi um partir ou uma fuga

De momentos indesejados…


Em nada prendi o olhar

Nada foi este meu amar…



17.09.09


12H50 - Hosp. Stª Maria

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segunda-feira, setembro 28, 2009

CRUEL VELOCIDADE DO TEMPO

O meu tempo escoa-se veloz

Dia e noite ficam pegados

Minha alma sente uma dor atroz.

Tenho todos os sentidos zangados…


Sem tempo que chegue para nós

Jamais seremos dois apaixonados;

Seremos talvez dois seres sós…

E em breve apenas dois abandonados….


Cruel é a velocidade do tempo que passa

Que não deixa que nos olhemos com graça

Impiedosamente, seremos a destruição.


Indiferentemente o tempo vai de corrida

Nem deixando dizer-te que sou a tua querida

Nada fomos. Apenas uma equação sem solução…



17.09.09

10H30 – Hosp. Stª. Maria

domingo, setembro 27, 2009

QUESTIONO-ME!

Esperei pela noite fora em vão

Queria conhecer o futuro

A quem perguntar se há amanhã…

Perguntas, só perguntas…

…sem qualquer conclusão…


A noite veio. Apenas veio

Sem estrelas tudo escureceu

Na noite não há sombras

Por isso, nem ontem,

Nem amanhã… …


Esperei impaciente para saber.

Tentei, tentei sem resultado

Saber as respostas das questões…

Questionar para conhecer

No que havia falhado

E no futuro que outras situações?... …



16.09.09 – 23H00

Hosp. Stª Maria

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PARTIDA DO SOL

Desce o Sol lentamente

Descai a tarde

Dançam as sombras

Ao balançar do arvoredo.

Balança tão docemente

Como as ondas à beira-mar…


Brincam as sombras na minha mão

Parecem crianças a baloiçar

Vêm suavemente e vão

É a tarde que me vai deixar…


Desce o Sol para o poente

No seu caminho diário

Vai descendo no horizonte

Cumprindo o seu fadário…


As sombras ficaram gigantes

As folhas arrastam-se errantes

Como nos sonhos do imaginário…



16.09.09 – 21H45

Hosp. Stª Maria

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sábado, setembro 26, 2009

O CANTO DA PASSARADA

Ouvi os pássaros cantarolar

Ouvi-os num hino sentimental

Cantam uma melodia de encantar

Parecem uma orquestra monumental…


Chilreiam os pássaros no seu falar

Dão-nos sons que não têm igual

E nas suas cantigas ensinam a amar

Quer seja a cotovia, o melro ou o pardal…


A coruja à luz da lua lança um piar

Que chama a nossa alma até arrepiar

São os sons da noite, meu doce amor


O canto dos pássaros é comovente

Umas vezes é triste, outras contente

O cantar dos pássaros tira-me esta dor…



16.09.09 - 21H00

Hosp. Stª Maria

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PENSANDO-TE

As tuas palavras são flamejantes

Escuto-as cheia de encantamento

Teus olhos mesmo distantes são brilhantes

E sem querer, não os esqueço um momento.


As tuas palavras suaves e cantantes

Fazem crescer em mim o sentimento

De um amor e carinho constantes

Sentimento imponente como um monumento


Mesmo estando distante estou a ouvir

Essas palavras de doçura que me fazem sentir

Como que vivendo num paraíso de beleza…


Paradisíaco este estado de alma apaixonada

Que se deixa perder como que extasiada,

Como ante uma maravilha da Natureza….



16.09.09 – 20H30

Hospital Stª Maria

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segunda-feira, setembro 14, 2009

VITÓRIA!

Delicadamente suave

A noite vestida de negro

É a minha companheira

Inseparável

Adoro a noite escura

Para contigo sonhar,

Para em surdina planear

A vitória

Incontestável

Da nossa liberdade

Dentre os tiros

Sobreviverá

Aquele que com facho e bandeira

Nesta zona entrará

Marcando no calendário da História

Uma data

Memorável!


(L.M). – Hotel Polana – Maputo

1971

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domingo, setembro 13, 2009

NABUKAÉ

Não sei se foi agora,

Se antes do sol nascer

Não sei se foi o vento naquela hora…

Ou a lua a aparecer…

Nabukaé!

Não sei se vieste para me ver

Ou foste apenas flor que brotou

Sei que a minha alma chora

Por tanto te querer…

Nabukaé.

A saudade é do momento

Mas sinto-a sempre a crescer

Sinto o fervor quando a tua boca beijou

E dentro de mim, como um fermento

Aumenta o desejo de te ver…

Nabukaé!

Não sei se és um lugar ou imaginação

Não sei se és flor ou onda do mar

Apenas sei que és a minha agitação

Que és a força do meu amar…

Nabukaé…

Não sei se és estrela ou constelação,

Se és uma vila ou cidade fantasma

Sei que vives fechado no meu coração

Como se fosses sangue e plasma…

Nabukaé!

Nabukaé…

apenas sei que és a minha paixão…



(L.M.) 1972

Maputo

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sexta-feira, setembro 11, 2009

MAIS UM DIA

Dia cinzento

Sol escondido

O rio vai lento

E pardacento

Outonal

Dia desigual

Sem brilho

Outro dia…


Cinzento mas não frio

Entristecido pela bruma

Que como véu, cobre o rio

Como a espelhar o céu…


Empoeirada a minha recordação

Imagina o que o olhar não viu …



11.09.09

quinta-feira, setembro 10, 2009

SOU NADA!


(óleo sobre tela da isabel)

Sou nada.

Alguém cortou a flor

Ela secou

Eu sou nada…


A flor perdeu a cor,

A flor parecia triste

E murchou…


Sou nada como a flor

Sem amor

Sou nada

Um corpo que secou…


Sou nada

Nem brisa

Nem vento

Sou nada

Porque nada nunca amou…



10.09.09


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quarta-feira, setembro 09, 2009

RUÍDO EXTINTO

Silêncio é o que resta

Das palavras que deixo morrer

Nos meus lábios descoloridos


Silêncio é aquela festa

Onde nunca vou aparecer

Porque os sonhos ficaram destruídos


Silêncio é tudo o que fica depois

De gritos, guerras e de choros

Que só existe se forem dois…


Silêncio ficará depois de morta

Depois de ter extinto o fogo do amor,

Silêncio é o que ficará à minha porta…



09.09.09

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SONHOS PERDIDOS NA ENXURADA

… e sabes que meus sonhos

foram na enxurrada

do Inverno?


E sabes que nem os ouviste

Quando tanto te chamaram?

Sem sonhos fiquei tão triste…


Ainda sabes as palavras

Que antes sabias de cor?

Ou também foram na enxurrada?...


Saberás algum dia mais?

Saberás que fui esquecimento

Sem que ouvisses os meus ais?…

Saberás que foste meu tormento

Ou também não o imaginais?....

As tuas palavras sem som

Não serão repetidas

E tu, meu momento

Foste o meu “dom”

Nas poesias perdidas….

Também foram na enxurrada.



08.09.09

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segunda-feira, setembro 07, 2009

NUS!


































A nudez pode mostrar a verdade, a beleza ou mesmo ser objecto pornográfico.

Para mim é beleza.

Alguns dos desenhos estão de costas… pois nem sempre se pode mostrar a verdade…



08.09.09

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domingo, setembro 06, 2009

VIAGEM AO INTERIOR

Entrei e fechei a porta.

A medo embrenhei-me no interior

Estreito e escuro meu caminho.

Por momentos constatei estar morta

O silêncio foi quase um terror

E chamei-te com carinho

Para te dizer adeus, meu amor…


Meu sangue deixou de ser vermelho

Meu coração deixou de pulsar

Todo o meu ser de repente ficou velho

Porque sem tempo, já não posso esperar…


Percorri todo o meu interior

Mais só do que a solidão

Sem jamais dizer que és meu amor

E só em ti percebi uma paixão…


Cheguei ao fim desta viagem

Sem sangue; secou em cada veia

E depois de tudo serei miragem

Que de um momento a outro será areia…



06.09.09

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sábado, setembro 05, 2009

ÁRVORES






Serão árvores mortas?

Serão apenas árvores desenhadas?

São troncos nus

São braços erguidos

Reclamantes…

São braços perdidos,

vagueantes...

05.09.09



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