quarta-feira, agosto 31, 2005

POR AMOR

(A promessa de Celestino Gomes 1926)


Vivo enleada no meu sonho paradoxal.
Vivo e hei-de morrer por este sonho sem igual.
Que gritem que é loucura este amor,
Que me acusem, mas deixem-me, por favor.


Tudo e todos não serão muitos, neste amor imortal.
E mesmo sofrendo, dilacerada pela dor,
Não deixo de louvar este amor ideal.
Por Amor é sofrer e por ti, eu sofro, Amor...


Mesmo ouvindo dizer que não me amas,
mesmo que digas que pelo meu nome não chamas,
deixo minhas cinzas rio abaixo, proclamarem


que de abandono se morre, não de Amor.
Mesmo que me mostres todo o teu desamor
Deixo minhas cinzas, rio abaixo, te chamarem...


31.08.05

quinta-feira, agosto 25, 2005

LAMENTO DO ADEUS !




Madrugada, lápis e papel
eis tudo o que preciso para escrever
montões de palavras, amargas de fel
por estar tanto tempo sem te ver.


Idealizei sonhos rosa, doces de mel,
poder repetir o quanto é bom querer
e escrever em pedaços de papel,
para espalhar, que por ti, eu vou morrer.


Não lamentes o desamor que tens a dar
porque não vou ter tempo de esperar,
pois a morte vem e eu já vou.


A ti, eu deixarei o que passou,
um beijo que não cheguei a dar
e um pacote de cinzas para espalhar!



25.08.05

sábado, agosto 20, 2005

DESAMORES


Olhei a Lua cor de metal incandescente
E pensei que via no teu olhar distante
Toda a poesia que guardas na mente.
Toda a poesia que tanto anseio, vibrante.

Olhas-me triste e condescendente,
Como se eu fora a loucura excitante
Para esconderes esse amor ausente
Que te perturba, mas que te não sente…

Se eu fora esse amor, relíquia sagrada,
Estaria contigo na cama, deitada,
Olhos nos olhos, jurando felicidade…

Se eu fora esse amor, doce apaixonada,
Não estaria chorosa, só e abandonada
Nem sentiria os olhares de piedade…
21.08.05

quarta-feira, agosto 17, 2005

FACE OCULTA




Os teus silêncios, tomo-os como palavras que não dizes, dizendo o que não queres dizer, por omitires ou mentires a realidade que em máscara de cera é o palhaço triste que contrarias em ti, ocultando a máscara alegre para não revelares que te é vedado amar a quem tanto desejarias e que te amofina em pensamentos que queres esquecer… e eu que amando esqueço que não devo, perdoando, permito a avalanche de dores que te correm como cascatas geladas pela mente entorpecida dos quereres ocultos, que vais satisfazendo em outros olhares passantes, trocando carícias por ilusões, que são a plenitude da satisfação física…e ficas como minha sombra, dia e noite, regendo meus pensamentos, minha memória, meus desejos, todo o querer que ilusoriamente afaga meu corpo em carícias avulso, em beijos de mera ilusão…

E sendo a dor que não quero sentir, és o tudo que em mim existe, mortificada pela espera, por um tempo que não passa, em mim, mas que em outro ser é clímax arrebatador…

E como um eterno fogo, de labaredas de cores garridas, passas e trespassas o meu eu, só e iludido, por tanto te querer e apenas ter o que vai sobrando, quando cai o pano e a peça acabou…e o Teatro reabrirá em novo espectáculo, em cenas semelhantes, sempre dramáticas, numa sucessiva repetição…

16.08.05

sexta-feira, agosto 12, 2005

PALIDA…



Pálida orquídea!

Sobre o meu peito arquejante, abandonaste a pálida orquídea do sentir. Qual varinha mágica, teve o condão de me trazer à vida. Qual punção de magia, actuou como que um impulso para o que jamais havia sentido… para o que jamais havia sabido… pois foi o saber, a ânsia de saber mais, que me deu vida.

E sendo a orquídea a flor da Psicologia, eis-me prostrada ao seu encantamento.

Ofegante, semi inebriada pelo conhecimento, dou-me toda à fascinação que me proporcionas…

12.08.05

ROSAS DO ADEUS


Com silêncio respondes ao meu chamamento. Com indiferença contestas a minha tristeza. Com sarcasmo lês o que te deixo escrito. Com repúdio escorraças a minha mão.
Com repugnância aceitas meus carinhos. Com desapego viras as costas e nem olhas para os meus olhos…

Mas com o rufar dos tambores do amor, continuo a chamar-te. Com a sensibilidade de pétala de rosa deixo que a tristeza pareça alegria. Sem menosprezar os teus valores, os carinhos que não dás, as gentilezas que esqueces, ofereço-te estas rosas… Não te rejeitando, mesmo assim, posso mostrar que não sou orgulhosa, posso mostrar que sou sincera e por isso te deixo estas rosas… e sem náusea ou aversão aceito o que vieres dar, porque o que sinto é mais forte… Não sendo indiferente, mostro que sou sempre a mesma e por isso te deixo sobre o túmulo as rosas que mais gostei enquanto existi…

11.08.05

segunda-feira, agosto 08, 2005

QUISERA




Quisera fazer desta noite a mais bela de todas as noites. Quisera espalhar rosas por todos os cantos e acender velas.

Quisera encher a taça da alegria e entre sorrisos e suspiros ficar abraçada ao meu doce sonho…

Quisera que a música suave embalasse a nossa poesia e entre beijos apaixonados sussurrássemos frases de encantamento.

Quisera ser deusa. Quisera ser o perfume mais delicado. Quisera vibrar-lhe nos braços para lhe oferecer o meu amor, porque o espiritual, há muito que o guardava…

Mas quiseram os deuses que tudo quanto eu quisera não fosse mais do que uma fantasia…porque noutros braços, com outros beijos, está ele suspirando…porque ele é mais doce, porque ele o entende melhor, porque ele lhe ofertará o que não tenho para lhe dar…

E porque ele correu para o seu encontro… as minhas rosas murcharam, as minhas velas arderam e eu só, rainha da minha solidão, não vou viver mais…as rosa são para o meu caixão; as velas para alumiarem o meu suspiro na sua longa e solitária caminhada…

08.08.05

terça-feira, agosto 02, 2005

AMOR FLOR – FLOR AMOR


Como dois lábios poisados em outros dois, num beijo de amizade, a orquídea de cor lilás, proclama o amor mais inocente, aquele que as flores traduzem…

Irradia o brilho da sua cor. São notas soltas de uma melodia cantada em cada canteiro do jardim do sonho…

E a flor é bela e os beijos são dele, para ele, e entre eles os beijos são o rufar dos tambores do infortúnio das ervas daninhas, que corroem a minha orquídea…

E as pétalas abraçam-se, entrelaçam-se e eles arfam de prazer, enquanto a minha cor se esbate ao raiar do sol, entre o orvalho que se evapora, como as lágrimas que escorrem e secam nos meus olhos…

Os seus devaneios são a geada que atrofia o desabrochar do meu sonho, do meu pesadelo… do meu amor flor, da minha flor amor…

01.08.05

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