EU!
Um objecto só. Umas ripas de madeira, umas armações em ferro e um banco de jardim. Só! Um lugar vazio. Um espaço à espera de quem o quisesse desfrutar…mas ficou vazio…
Passei, olhei aquele banco tão só, pensei que seria o lugar ideal para um momento de reflexão. Mas não me sentei. Respeitei a sua solidão. Afinal estávamos em igualdade de circunstâncias…ambos sós.
Mais uns passos e observei que naquele lugar ermo, poderia realmente ficar com os meus pensamentos, mas continuei a caminhar. Afinal, também me apetecia estar só, também me apetecia deixar toda a minha solidão vaguear sem destino por caminhos desconhecidos, deixar que o som dos meus passos se confundisse com o som de uns passos que queria ouvir, mas que nunca me seguiriam…
Deixei que o tempo cobrisse a minha existência e com a intemporalidade do tempo que me cobria, deixei de estar no tempo que eu julgava que merecia…e mais triste e mais só, deixando o banco solitário, virei as costas e continuei o meu trajecto sem rumo, a caminho de um sem destino, porque todos os destinos estavam obstruídos… e muito só, com o pensamento nele, deixei que uma lágrima rolasse pela face sem viço, que o tempo fizera sem expressão…e o seu abandono ia deixando disforme…
29.10.05