Assustada, dentro do descontentamento,
Como que envolta num véu delicado,
Imagino o longínquo e fugaz momento,
E aquele, o instante actual… mas passado
Passou uma perpetuidade misteriosa…
Repleta de profundas dores e do amargo da incerteza
Para além dos desgostos que foram deslizando,
Como espuma à beira-mar, por entre as mãos
Mãos gastas de limpar infindos prantos…
E a dúvida, sempre a dúvida, odiosa
Fazendo brotar toda esta tristeza.
Tristeza sem tamanho. E até quando?...
As nossas tristezas, reais ou aparentes, mas tristezas…
Ressurgem de cada silêncio e de cada longínquo espaço
Onde nunca chegam as indescritíveis ternuras…
Onde nunca se vão imaginar momentos inconfessáveis…
Onde apenas sobrevive o querer saber mais
Onde se procura e onde o desconhecido são as belezas
Das telas que pinto, sem as imagens que desfaço
Com as lágrimas de todas as tuas loucuras,
Dos orgulhos, das raivas e desesperos incontornáveis…
Das dores que me fustigam, como vendavais…
E num amor que escrevi como um hino, como melodia,
Deixo embalar e enterneço todo o meu ser
Deixo que transcenda esta irrealidade ilusória
Deixo que todas as noites sejam aquele dia
E em que todas as flores desabrochem, para eu ver,
Antes de partir, seguindo a morte, depois da vida inglória…
07.01.08
Etiquetas: poesia