Escondidinho nas nuvens, num canto,
Assim é o meu amor…
Parece fogo, cor de flor.
Tem medo de se manifestar.
Inibido, temeroso, neste lugar,
Fingindo não existir,
Para não te fazer rir.
Amedrontado por o notares
E por isso, te afastares…
Faz de conta que és um amigo
Quando passeias comigo.
E por isso, vive escondido…
Para não ser preterido.
O meu amor disfarça a toda hora,
Por isso brinca, para não te ires embora…
Brinca ao faz de conta,
Que foi ontem, mas é agora…
O meu amor vagueia por aí,
Travestido de amigo e companheiro,
Para te ter perto o tempo inteiro…
Mas o meu amor omite palavras românticas:
Está proibido de fazer declarações;
Amua, para não demonstrar emoções,
Está impedido de dar carinho declarado…
Então, vive perdido e enclausurado.
Tudo sofre, só para te ter a meu lado.
Meu amor, um amor clandestino,
Vive suplicando um único instante de carinho…
Meu amor é o meu inimigo,
Porque mesmo estando comigo,
Jamais poderá aparecer,
Só para não mostrar meu sofrer.
É meu anjo invisível,
triste e impossível;
Mas meu amor não me provoca mais dor,
Porque à noite, quando me deito,
Muito só, no meu leito,
Me enche de calor…
Meu anónimo amor,
Imaginado, sobrevive longe, mas a meu lado:
Sobrevive a cada minuto, impaciente e amargurado…
E assim a minha vida vai passando,
Digo que estou feliz: vou-te enganando...
Porque esta mentira,
Cala meus ais,
Pois cada vez te amo mais…
26.03.07