quarta-feira, agosto 17, 2005

FACE OCULTA




Os teus silêncios, tomo-os como palavras que não dizes, dizendo o que não queres dizer, por omitires ou mentires a realidade que em máscara de cera é o palhaço triste que contrarias em ti, ocultando a máscara alegre para não revelares que te é vedado amar a quem tanto desejarias e que te amofina em pensamentos que queres esquecer… e eu que amando esqueço que não devo, perdoando, permito a avalanche de dores que te correm como cascatas geladas pela mente entorpecida dos quereres ocultos, que vais satisfazendo em outros olhares passantes, trocando carícias por ilusões, que são a plenitude da satisfação física…e ficas como minha sombra, dia e noite, regendo meus pensamentos, minha memória, meus desejos, todo o querer que ilusoriamente afaga meu corpo em carícias avulso, em beijos de mera ilusão…

E sendo a dor que não quero sentir, és o tudo que em mim existe, mortificada pela espera, por um tempo que não passa, em mim, mas que em outro ser é clímax arrebatador…

E como um eterno fogo, de labaredas de cores garridas, passas e trespassas o meu eu, só e iludido, por tanto te querer e apenas ter o que vai sobrando, quando cai o pano e a peça acabou…e o Teatro reabrirá em novo espectáculo, em cenas semelhantes, sempre dramáticas, numa sucessiva repetição…

16.08.05

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