QUISERA
Quisera fazer desta noite a mais bela de todas as noites. Quisera espalhar rosas por todos os cantos e acender velas.
Quisera encher a taça da alegria e entre sorrisos e suspiros ficar abraçada ao meu doce sonho…
Quisera que a música suave embalasse a nossa poesia e entre beijos apaixonados sussurrássemos frases de encantamento.
Quisera ser deusa. Quisera ser o perfume mais delicado. Quisera vibrar-lhe nos braços para lhe oferecer o meu amor, porque o espiritual, há muito que o guardava…
Mas quiseram os deuses que tudo quanto eu quisera não fosse mais do que uma fantasia…porque noutros braços, com outros beijos, está ele suspirando…porque ele é mais doce, porque ele o entende melhor, porque ele lhe ofertará o que não tenho para lhe dar…
E porque ele correu para o seu encontro… as minhas rosas murcharam, as minhas velas arderam e eu só, rainha da minha solidão, não vou viver mais…as rosa são para o meu caixão; as velas para alumiarem o meu suspiro na sua longa e solitária caminhada…
08.08.05
1 Comments:
Gosto de tudo o que escreve porque escreve muito bem. Neste seu trabalho a tónica é muito acentuada e ambigua, cheia de contornos e hipóteses que a mente vai dando forma, face ao mundo vivencial, o mundo das experiências e dos desejos de cada qual que em si são únicos.
Vejo muita desilusão, porque a criou... o problema começa em si, foi tudo emitido do seu eu para o exterior e... quis ser tudo e depois não foi nada.
No último parágrafo... as suas rosas murcharam... e foi rainha da solidão, porque está debilitada, está cheia de fantasias, cheia de ideais por concretizar e não se libertou dos outros. É necessário libertarmo-nos dos outros, é necessário dizer não e não sofrer, com quer que seja e com quem quer que seja. Eu, você, não pedimos para gostarem de nós, ninguém... mas desejamos e o nosso desejo porque não está educado, cria as tais fantasias, e as descompensações. É necessário ver as coisas de modos diferentes, de modos distintos e libertarmo-nos de pieguices, a sério. Dou-lhe os meus parabéns pelo que escreve, mas lamento esse seu sofrimento desmedido. Um abraço e beijinhos. Continue. - Jorge Ferro Rosa - Filosofamos.
Enviar um comentário
<< Home