domingo, julho 31, 2005

CONCURSO - “ERA UM ESCRITOR FAMOSO …E HELENA II”


(Eis o texto que apresento a concurso)

Um escritor famoso é um ser humano como qualquer outro. Vive paredes-meias com qualquer outro ser e tem as suas emoções, frustrações, depressões, ansiedades e no seu dia a dia expressa-se como qualquer um, por isso e por razões de burocracias, também próprias dos humanos, voltei à terra natal, depois de umas décadas de ausência. Era necessário fazer umas remodelações na casa que fora de meus pais e onde passei a minha vida desde que nasci, até à primeira fase da adolescência. Depois fui para a cidade para continuar a estudar, deixando um caixote cheio de recordações, a quem via partir “o menino simpático”, como era conhecido lá na rua.

Ao chegar, era inevitável que percorresse as ruas que sempre aconchegaram a garoto que fui. Era imprescindível que calcorreasse essas ruas, falando com cada pedra da calçada e sobretudo, trocando palavras, ou melhor, formulando uma perguntitas, que me martelavam a ideia.

Um sem número de episódios foram marcando esta vida de quem faz vida escrevendo. Alguns do episódios já gravados em alguns livros que foram sendo publicados depois do meu “boom” literário, outros, ainda em folhas soltas e numeradas vão-se mantendo nas prateleiras da estante, ao lado da mesa de trabalho.

Alguns nomes foram adoptados (pseudónimos, heterónimos, alcunhas, enfim…), para relatar histórias que foram sendo capítulos de entre as décadas desta vida que já vai longa desde que deixei de calcorrear as ruas da minha terra, ainda tão criança… Histórias umas vezes apenas histórias, outras com misturas de tragédias, como fora a vivida com Mariazinha…

Passei pelo parque. Agora muito melhorado em relação ao tempo que lá baloiçava ao lado de Helena, numa cadência de encantamento e inocência, que se foi perdendo década a década…

Um ventinho ameno soprava ao meio da manhã e o baloiço oscilava, como naquele tempo… uma vontade enorme de me sentar naquele baloiço, apenas foi reprimida pelo meu actual tamanho, mas oscilei com ele, imaginando-me ainda tão pequeno…

Helena! Tantas luas se escoaram pelo mar dentro, enquanto as ondas iam e vinham espreguiçar-se na praia… A distância que nos separava não era muita, mas tínhamos toda uma vida a distanciar-nos…

Na nossa aldeia apenas podíamos chegar aos seis primeiros anos de escolaridade, por isso, antes de fazer os treze anos segui para a cidade, para casa de um tio padre, que foi controlando o que eu ia estudando, mudando de ano até ingressar na Universidade, na Faculdade de Sociologia, que me proporcionou o curso dos meus sonhos, para poder viver ensinando e escrevendo. Escrevendo sobre a vida e os que a vão vivendo.

Mas olhando em volta, confiro os recantos conhecidos e vejo que continuam a sobreviver na ponta sul do parque, as duas únicas árvores do tempo em que eu e a Helena estávamos na mesma escola e que nos deram guarida quando sujei tudo de leite, depois daquele pontapé no pacote que não estava vazio… Ao lado, ficava aquele baloiço que nos deixou baloiçar, horas a fio, entre conversas angelicais, mas carregadas de profundo significado.

Helena! Onde estás Helena? Como pude deixar-te tão triste quando parti… e quando quis saber de ti, tarde demais! Partiras para França, para os teus estudos de pintura.

Hoje, quero que cada pedra da calçada me diga quantas vezes por aqui passaste, quantas vezes voltaste. Esqueceste-me? Juro que entre tantas controvérsias nunca me saíste do pensamento, mas sempre se criaram barreiras e fui adiando o querer voltar e estar contigo...

Helena, vou gritar ante estas duas árvores, que nos conheceram enquanto crianças, para que sejam testemunhas do tanto que sempre te amei. Amo-te! e amar-te-ei para o resto da minha vida.

Voltei a sentar-me no banco, que já não era o tosco tronco que fazia de assento, mas agora, um verdadeiro banco de jardim, e deixei que uma lágrimas de saudade bailassem e escorregassem, cara abaixo, enquanto ia murmurando o nome que continuava a ser a inspiração da minha vida…Helena…Helena…

30.07.05

sexta-feira, julho 29, 2005

PARA NÃO ESQUECER

O dia passou veloz como uma tempestade… mas em tudo deixou a marca de beleza e amizade que jamais serão esquecidas…
Pintada de vários tons de rosa, a orquídea resplandecerá eternamente...
Salve o dia vinte e oito de Julho de 2005!

sexta-feira, julho 22, 2005

COMO?



Como me dói a alma! Como choram todos os meus poros! Como vagueiam os meus pensamentos, feitos tormentos, com o teu nome gravado nos meus lábios… Como sonho os teus olhos, presos nos meus, noite e dia!…

Como é possível a troca ser um silêncio tumular? Como é possível apenas pensares em quem não te pensa? Como é possível acalentares sonhos que são pesadelos? Como é possível deixares-te preso a essa pedra tumular, enquanto eu vagueio, perdida, à procura da minha sombra em noites de luar?

Como me dói cada segundo que calas o que não dizes, porque não sentes, ou porque apenas vais contando os vermes da terra, que te penetram e corroem? Como podes ser tão insensível à minha dor? Como podes esquecer de me chamar amor, e deixas que essas palavras te escoem, entre os restos do caixão e as impurezas que absorves quando deixas que te lambam os lábios? Como podes deixar que te acarinhem, quando para mim nunca houve o mais suave desejo? Como podes? Como podes esquecer que um breve suspiro ao meu ouvido seria a mais bela melodia de amor? Como podes esquecer que vibro quando o teu nome é balbuciado carinhosamente e com tanta saudade?

Como finges não perceber os meus lamentos! Como finges ser e não ser o que eu tanto desejei que fosses… como me ignoras! Como não enfrentas de uma vês esses amigos das trevas, passas o mármore polido e vens para me abraçar, numa tarde de sol, ao cimo da Avenida das Descobertas?

Como vais deixar que mais um Agosto memorize a data que nunca foi esquecida? Como tens coragem de te sentares a meu lado, nos transportes, na rua, em qualquer jardim e não me dares a mão…mas vais de mão dada… mas vais e voltas a ir com todas as larvas que a terra abriga, para te corroerem, sem que para mim fique, nem que sejam apenas as peugadas…isto se alguma vez me seguisses…

Perdi! Mas como posso eu compreender ou aceitar esta perda? Como posso eu admitir que toda luta travada para ser tua, foi em vão…vais e voltas a ir e não dizes nada?!…

E como é ficar sem um adeus? E como é ficar eternamente apaixonada por quem não se lhe diz nada?

A resposta será apenas, como!

21.07.05

terça-feira, julho 19, 2005

DESABAFO




O azul esbatido do céu, ao fim desta tarde, é uma afronta para o meu cinzento sentir. O sol ainda tépido fere-me a vista e as lágrimas funcionam como lentes que me queimam e não deixam que veja nítidas as sombras, que languidamente se estende por detrás de cada árvore… como dói! Dói a alma!

Foi mais um dia tão triste, tão incomensuravelmente triste, que não encontro palavras para o descrever… e durante todo o dia tive de esconder toda a mágoa que me pesa dentro, como se chumbo derretido corresse em cada uma das minhas veias…

Estou a chegar ao limite. Estou a não conseguir controlar por muito mais tempo o que tanto me fere, e há tanto tempo. Agi por orgulho, agi por solidariedade, agi por preconceito e fui-me desgastando. Hoje sinto que o limite está perto…

Para que servem as tantas coisas que nos metem na cabeça, se não conseguimos depois encaixa-las, como se faltassem peças ao puzzle?

Embutidos no colchão, deitados, olhos fechados, com o sol a bater na parede e a refractar-se no espelho e na porta, com a imagem do irreal retratada como pano de fundo num ecrã gigante, sem emoção ou sensação, cumpre-se o determinado pela natureza, sem que daí venham quaisquer laivos de beleza, ternura, sonho ou êxtase… são momentos de dolorosa agonia, são uma flagelação imposta…

Todos os porque sem porquês afluem como se de um filme se tratasse. Um filme de terror, em que a vassoura da bruxa trespassa a carne dolorida da vítima e o vampiro suga insaciável o sangue, por beijo suculento na sua presa…

E na hora crepuscular, uma amálgama de não sentidos em completa descoordenação, apenas mostra um caminho estreito, entre escarpas e ravinas, que não são mais do que a fronteira entre o existir e o acabar…

O grito que ecoa no interior do meu ser, é o de uma ave de rapina depois de atingida por um tiro certeiro…é um grito de morte, porque a carne morta não sente…

18.07.05

sexta-feira, julho 15, 2005

SÓ PARA TI


Em tons de azul celeste e a pastel
Pintalgaste meu sentir alvoraçado.
Esculpiste neste granito, a cinzel,
O que há num coração apaixonado…

No delicado manto negro de burel,
Deixaste a cor azul ao negro abraçado.
Vieste de mansinho, mas invisível…
Como um belo segredo, bem guardado…

Marcaste com muita ternura e alegria
Tudo o que parecera uma farsa, fantasia
Talvez tudo o que quisera esquecer…

Talvez um punhado de sonho e vida
Ou apenas apagar uma mágoa querida
E alumiar um sonho que queria morrer…

quinta-feira, julho 14, 2005

EM VÃO…



Esperei por ti, horas sem fim, em vão.
Noite fora, ansiosa e desesperada,
Vibrando entre o sonho e a ilusão,
Para uma entrega total e apaixonada…


Expectante, em toda esta paixão,
Passou o tempo da noite à madrugada,
Esperando, esperando em alucinação…
Deixei-me perder no tempo, sem nada.


Horas sem horas em total agonia,
Senti quão falsa foi toda a fantasia
Que me fez sofrer e desalentar…


Noite passada, que em breve se fez dia,
Deixando-me numa triste melancolia,
Porque mentiste, para me embustear…

13.07.05

NÓS


A nossa cama é um livro fechado...
Que nunca foi lido ou folheado...
A noite é longa, sem leituras
A noite é escura, sem ternuras...

De olhos presos numa paixão,
De tão distante, é só ilusão
Que nem na cama, ou só, me ama
Que nem a ler, meu nome chama...

E no silêncio que só a morte dá,
espero ansiosa que se venha e vá,
sem deixar rasto, que me incendeie,

Quem é este sonho, não quero saber,
Apenas tem um nome que me faz viver,
Mas dia e noite, faz com que o odeie…



14.07.05

terça-feira, julho 12, 2005

BRILHO DO SOL E SILÊNCIO!

Os raios de Sol brilharam. E o som do “Silêncio” fez magia…….

sábado, julho 09, 2005

A PÁGINA NÃO NUMERADA…

Esta página não tem número. Podem ser até várias páginas, muitas folhas… o tanto que tenho para escrever à minha amiga, que no seu silêncio, muito pacientemente, vai lendo palavra a palavra do que vou escrevendo, porque só ela tem capacidade de ler o que em mente vou transmitindo ao papel…

Apraz-me este monólogo transmitido ao papel.
Mesmo que não quisesse, sei todas as respostas que me vais dando a cada linha que escrevo. Escutei-te tantas vezes…

Mas não importa que neste momento o mundo partilhe as minhas letras, as minhas palavras e que tire as ilações que queira tirar…podem até chamar-me de doida, muito embora o termo tenha sido abolido. Podem chamar-me depravada, ansiosa e ou qualquer outra coisa… Mário Sá Carneiro escreveu como escreveu…Eça de Queiroz, Camões, Florbela Espanca… Jorge Amado, Mariana Alcoforado, Alexander Pushkin e milhentos outros poderiam ser mencionados, porque, numa profundidade filosófico-sentimental, escreveram e encantaram povos do mundo inteiro e continuam a despertar muito interesse em camadas intelectuais, pois que se pode sempre dissecar mais um pouco as suas obras e delas extrair mais conhecimentos. Então, eu, simples mortal, que gosto de escrever, porquê deverei silenciar esta voz interior e fingir, como toda a gente que por aí anda, fingindo… Fingindo que são o que não são. Fingindo ter sensibilidade e depois amarrotam-nos como se fossemos um bocado de papel sujo… Possivelmente, se escrevessem, se divulgassem, poderiam ser melhor compreendidos, pelo menos, pelos mais cultos…

Mas “amigona”, sabes que gosto de escrever, para dizer o que não digo e descrever o que a imaginação me proporciona, mesmo que seja diabolicamente imaginativo…

Sabes que sou uma apaixonada incondicional do que se escreve sob a acção da imaginação, pois que me dá um gozo imenso transportar para gentes reais, o que as irrealidades da mente nos oferecem…

Amiga! Apaixonei-me! Estou mesmo “doida”… será? Tenho de enfrentar o Mundo, os Astros e toda animalária que povoa isto tudo… e ainda por cima, por alguém acéfalo, que se reduz ao que os outros pensam e dizem, que não sabe ler e que se julga dono do mundo…porque vive de intimidades com “um” outra pessoa… Já viste como o nosso Globo está enigmático…? Não reproves, porque não há nada a reprovar. NADA! E isso é o que me destrói…nada! E haverá alguém, algum dia, que diga que sou a pessoa mais importante do mundo, sem dar nada, sem querer nada…apenas o que procuro desde a idade das cavernas? … Mas há, há o suficiente para escrever, escrever sem fim, imaginar e escrever sem fim, ver amigos a definhar por angústias indecifráveis para a maioria que os rodeia, ver guerras indiscutivelmente inúteis, observar que se perde tempo com estudos que se deitam fora ou se arrumam em prateleiras empoeiradas…enquanto isto, a pessoa que conheceste no Casino, continua a fazer voos rasantes no seu Halfa Jet particular, a experiênciar voos de hélio, a jogar Ténis ou Golf e a contar os milhões que a banca dá… mas que a mim nada dizem… Amizades para servir de tapete…Não! Tenho a experiência de muitas décadas… e não dá nada…

Nela, foi terrível ter sentido o que sabes, aquando fragilizada pelos acontecimentos mais noticiados e de tanta desumanidade…como é que pude estar a sentir, como pude reagir à voz, ao olhar, à pele… andava morta sem ter morrido… e agora revolta-me o saber, do que queria ignorar…

A minha saudade veio, acariciou minha imaginação e sempre a sorrir cantou… “petite fleur…”





08.07.05

sexta-feira, julho 08, 2005

BULÍCIO


Entrou, pé ante pé, como se fora um delinquente ou assaltante. Passeou-se nos meus interiores como se passeasse pelos corredores de um qualquer museu, parando aqui, mirando acolá. Deambulou por todos os lugares esconsos do coração, pelas entreportas do cérebro, roçou-se pela pele e estendeu-se pelo peito, nádegas, sempre com uma sem cerimónia de espantosa…

Quando me apercebi que um visitante estranho vagueava com tanta informalidade por todo o meu ser, tive um medo terrível…Quem ousava entrar assim, sem pedir licença, sem olhar para as trancas das portas nem para as cortinas corridas?

Pouco a pouco os receios foram-se dissipando e o intruso começou a deambular ainda mais afoitamente, dominando os espaços, os sentimentos, todo o meu ser…

Com o domínio do mais recatado dos sentimentos, surgiram sentires, palpitações, suores, tremores… e depois eriçaram-se os mamilos, semi-serraram-se as pálpebras, crisparam-se os lábios… as batidas do coração sentiram-se em todas as minhas intimidades…e como que açoitada por uma tempestade de ventos velozes, estremeci com uma necessidade absoluta de gritar… não de medo, mas de prazer…

De receosa, passei a atrevidamente permissiva. De intolerante, intransigente, passei a um estado de ansiedade incontrolável… Estava dominada! Como um robot, deixei que as mãos me acariciassem, que os lábios me beijassem, que toda eu fosse, como uma qualquer peça de um suculento fruto, saboreada… e como foi maravilhosa a partilha… e o sentir do que não havia sentido, e o receber, o que tanto me deixava em êxtase…

Acordei! O sonho foi apenas um sonho, porque nada nem ninguém entrou neste castelo assombrado e despovoado…
09.07.05

A MINHA ESTÁTUA!







Colocaram-me num alto pedestal
Qual estátua de mármore alabastro,
Para que todos me vissem como ideal…
Condicionaram-me o pensamento,
Porque sem cabeça, só era monumento…
Puseram-me no deserto, no meio do areal
Para os visitantes não deixarem rastro…
Aboliram-me as mãos - Não diria adeus…

Sem pensamento, jamais teria amor…
Era apenas um objecto de prazer visual.
Entre as areias, feita de pedra, só dor,
Mármore polido, sacudido ao vento,
Era apenas uma, a tantas, igual…
Igual no silêncio, apenas sensual…
Inspirando qualquer poeta trovador,
Ou qualquer um maníaco sexual…

07.07.05

terça-feira, julho 05, 2005

AS TUAS BELAS PALAVRAS

Palavras, palavras belas,
Todas belas e só tuas
São as que sempre dirás
Para encher meu coração,
Trazendo-me a ilusão
Gravada no pensamento.

Palavras sombrias ou não
São oásis, são miragem
São rasgos de sedução
São sopros de vendaval…
Numa alma apaixonada…

Singelas palavras, mais nada,
Sem uma tradução real,
Podendo ser de perfídia,
ou apenas uma imagem virtual:
Ou até uma realidade fugidia…

São palavras num livro aberto
Lido em noites de vento…
Em que todo o pensamento
Lê a verdade dos antónimos,
Em todos esses amores anónimos.

Podem ser insultuosas e vulgares
Podem sem máscaras da fantasia,
Mas são as palavras que sinto
Como a mais bela melodia
Que me tem ensinado a amar…

05.07.05

segunda-feira, julho 04, 2005

UM DOMINGO ESPECIAL!

Entre cavacas, plátanos centenários e muita conversa prazenteira, decorreu o dia, onde não faltaram fotos e a apreciação das celebérrimas montras dos não menos célebres Bonecos das Caldas, com os seus pénis avantajados, de fazer inveja a muito machos que por aí andam…

Foi divertido. Foi agradável e foi sobretudo uma maneira de afugentar por mais algumas horas o momento depressivo que vou cruzando, nesta jornada longa, sem grandes feitos e sobretudo sem ver a tal luz ao fundo do túnel, de que tanto se fala…

As fotos foram uma terapia momentânea, para posterior recordação de mais uma recordação depressiva, avivando outras recordações não menos depressivas, que numa sequência imparável me fazem desejar que o amanhã não seja o dia seguinte.

Imparável, a imaginação cria fantasmagóricas imagens sem sombra, que se recriam e aparecem como gigantescos monumentos megalíticos, povoados de morcegos e monstros, que me atemorizam e amarfanham, como se não passasse de uma simples folha de papel… papel onde se escrevem frases sem fim, prosa ou verso, dizendo e desdizendo verdadeiros terrores, que tanto me estremecem como me deixam letárgica e finalista nesta passagem, por um tempo intemporal mas destruidor…

Quero ignorar-me. Quero esquecer-me de que viver será viver, quando se vive, e, viver é em toda a sua plenitude…

Vai ficar memorável a tarde deste domingo. Vai ficar inesquecível se conseguir ser dona desta recordação por muito tempo… Tenho uma biblioteca de recordações! Para quê? Muito embora digam que recordar é viver….

Vou dormir. Vou sonhar com as imagens de barro, porque não têm pensar, porque não confundem sentimentos, porque não equiparam corpos, porque não dominam, porque não fazem conjecturações erradas nem obrigam a fantasias, porque não transmitem, porque não ferem nem têm outras opções, porque não trocam, porque não impõem, porque não se lembram de dar prazer para glorificar o seu prazer… por tudo isto vou dormir e pensar que seria bom não mais acordar…

03.07.05

sexta-feira, julho 01, 2005

OBSERVAÇÕES DE COMO VAI A NOSSA GENTE…

Quando nos querem passar um atestado de estupidez, cambiam-se os significados das palavras, para, numa tentativa de supremacia, nos tentarem baralhar…

Muito a propósito, testemunhei algo que vou passar a relatar, à laia de desabafo, pois que me sinto entupida, se não deixar o meu ponto de vista… e sempre é mais um, mesmo que aos interessados nada diga…

Ora li aí algures, um excerto de um texto, que referia um exacerbado sentimento de ciúme de alguém em relação a outro alguém. Como não contenho a vontade de esclarecer o ponto de vista que tenho em relação ao assunto, atrevo-me a comentar, a reclamar e a aplaudir simultaneamente, quem tem tanta coragem, de apenas observar um lado do prisma e ouse pô-lo em divulgação.

Ora o assunto apenas é este e este apenas: pessoas que se conhecem, com graus de convivência regulares, e que, muito embora se juntem todas, por vezes, apenas se emparelham em conversas de café (se as há de alcova não sei e isso também não seria relevante), e vai daí, surgem comentários, nem sempre muito abonatórios de uns em relação aos outros… ora logo faz pressupor que, não haja uma relação de muita afabilidade entre essas pessoas…. Isto de parte a parte… e vai daí, uma das criticadoras mais acérrimas, lança-se em programinhas de maior intimidade, deixando os outros estupefactos… e pior, agindo comprometedoramente… o que, como lá diz o velho ditado, “nas costas dos outros, lemos as nossas…” não deixando também de assentar bem, um outro ditado muito antigo e que diz que quem desdenha quer comprar…

Tenho sido espectadora da trama, e eis que me atrevi a interferir pela pessoa que reagiu, por se sentir lesada, duplamente, pois que ao se cruzarem em conversa de estacionamento, foram-lhe dirigidas umas piadinhas de mau gosto e dignas de pessoa de baixo nível cultural… ora aquela pessoa que já estava amofinada por situação tão contraditória, não deixou também de reagir, mas diga-se, de uma forma gira… foi ouvir música para esquecer os ditos da tal “má-língua”, do que não é muito adepta…

Mas voltando à pessoa ousada, apenas gostaria de salientar, que é muito fácil culpabilizar quem as rodeia, porque é uma forma simplista de aliviar as suas próprias incongruências…

Mas não vamos mais longe, a cada momento se assiste a espectáculos similares… e ainda há pouco ouvi uma cabazada de chorrilhos de asneiras, “por um dá cá aquela palha”, num supermercado aonde fui às compras… é o povo a que pertencemos…

Enfim…mais um dia da nova era!!!


01.07.05

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