BULÍCIO
Entrou, pé ante pé, como se fora um delinquente ou assaltante. Passeou-se nos meus interiores como se passeasse pelos corredores de um qualquer museu, parando aqui, mirando acolá. Deambulou por todos os lugares esconsos do coração, pelas entreportas do cérebro, roçou-se pela pele e estendeu-se pelo peito, nádegas, sempre com uma sem cerimónia de espantosa…
Quando me apercebi que um visitante estranho vagueava com tanta informalidade por todo o meu ser, tive um medo terrível…Quem ousava entrar assim, sem pedir licença, sem olhar para as trancas das portas nem para as cortinas corridas?
Pouco a pouco os receios foram-se dissipando e o intruso começou a deambular ainda mais afoitamente, dominando os espaços, os sentimentos, todo o meu ser…
Com o domínio do mais recatado dos sentimentos, surgiram sentires, palpitações, suores, tremores… e depois eriçaram-se os mamilos, semi-serraram-se as pálpebras, crisparam-se os lábios… as batidas do coração sentiram-se em todas as minhas intimidades…e como que açoitada por uma tempestade de ventos velozes, estremeci com uma necessidade absoluta de gritar… não de medo, mas de prazer…
De receosa, passei a atrevidamente permissiva. De intolerante, intransigente, passei a um estado de ansiedade incontrolável… Estava dominada! Como um robot, deixei que as mãos me acariciassem, que os lábios me beijassem, que toda eu fosse, como uma qualquer peça de um suculento fruto, saboreada… e como foi maravilhosa a partilha… e o sentir do que não havia sentido, e o receber, o que tanto me deixava em êxtase…
Acordei! O sonho foi apenas um sonho, porque nada nem ninguém entrou neste castelo assombrado e despovoado…
09.07.05
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