CAVES E SUBCAVES
Nem sempre conseguimos subir as escadas, formadas por todos os degraus, que a nossa vida estende à nossa frente para subirmos, lance a lance, durante o tempo que a Natureza nos permite ter forças para as subir…
Às vezes, depois de subirmos, descemos, e descemos muitos mais degraus do que os já havíamos subido… faltam-nos as forças, faltam-nos as estratégias de sucesso para as subirmos. Falta-nos a realidade para podermos encarar a fragilidade das nossas incapacidades.
Mas também há os que subindo com fulgor, vão perdendo as forças, a vontade, e sem se aperceberem voltam de novo ao primeiro degrau da subcave… e sem sequer saberem se conseguirão passar ao degrau dois, subestimam as suas qualidades. Subiram demais e depressa demais…mas ainda descem mais rapidamente…
Muitas das vezes há quem não se aperceba que está a subir em marcha atrás…
E ao mais pequeno desvio de atenção, cai. Se a queda é desastrosa… poderá não se levantar mais…
O Amor é o belíssimo painel que embeleza a parede do último lance… que aos primeiros degraus apenas é uma paisagem disforme, esbatida, de contornos indefinidos… depois, se conseguimos ir subindo de degrau a degrau, vamo-nos apercebendo de alguns detalhes dos seus contornos, que nos encantam, que nos desvanecem… parece uma imagem que nunca mais alcançamos… e tentamos tocar, para satisfação pessoal e engrandecimento espiritual…e ganhamos folgo e mais uns degraus se sobem, desta escada íngreme e que exige esforços redobrados, para que possa ser subida…
Mas porquê a cada degrau que sobes, retrocedes três?... Incapacidade? Incompatibilidade? Sentido inestético da estética e a não aplicabilidade das teorias propagadas? Como se pode olhar para toda a estatuária que acompanha a escadaria, e, se consegue apreciar a estátua mais disforme que se mistura entre todas? Como se pode desfazer de toda a qualidade da peça de arte, e depois se fica desvanecido perante tamanho “mamarracho”? Realmente a Arte é ambígua! E tal como a Arte, o Amor também o é… e ao fundo da escada, lá continua a bela paisagem nos aguardando… a paisagem paradisíaca, de cores repousantes, repleta de recantos convidativos às mais intimas ternuras…
Quando subo mais um e um dos degraus, penso e repenso na subida feita, que ficou à retaguarda e com certa curiosidade, comparo os conceitos que fiz de tal ambiguidade dos sentimentos que tive, com os que tenho e com os que perdi… ou que recusei ter… não aceito confusões… nem ambiguidades… Gosto da pureza desinteressada da paisagem ao cimo da escadaria que estou subindo.
Os degraus da subcave são escorregadios. Se não soubermos pisar com segurança, dificilmente passaremos ao lance seguinte… alguém quer ajuda?...
A paisagem ficou nítida, quase que de repente. Como foi belo vê-la de tão perto… a coloração esbatida do arco-íris ao canto superior esquerdo, fazia lembrar o da cascata de Penha Longa a certas horas em que o sol tinha um ângulo propício a essa maravilha da Natureza… recordações da triste beleza de tempos que já lá vão…
Mas em causa estamos nós e só nós. Distanciámo-nos na subida da escadaria, até porque me apercebi que nunca te interessou qualquer tipo de estética e de beleza… e eu fui subindo e continuarei a subir a minha escada, ladeada de estátuas de mármore rosa…
O amadurecimento de novos frutos, de novas primaveras, cairá em outras terras, em que reabastecerás toda a tua empolgante magia e far-te-à encontrar o que não conseguirás seguramente, ao cimo da escadaria que ias subindo…
A escalada da escadaria propicia um pensamento novo a cada degrau, mais imaginativo, mais suculento dos sabores da vitória, dos sabores do desconhecido e atrai. Atrai a curiosidade, a vontade de se estar mais próximo: o desejo!
Perdendo o entusiasmo de continuar a subir, tudo se torna rotineiro e desinteressante… talvez mudando de escadaria… pois há as que não vão dar ao painel do Amor. Podemos escolher a paisagem que melhor se coadunar connosco…
Eu vou subindo. Muito só, muito triste e sobretudo muito desiludida. Levei décadas a tentar subir a íngreme escada que tenho em frente e dificilmente estou a conseguir chegar ao topo… Estou cansada. Estou saturada. Estou fragmentada em milhões de partículas de desespero… nem música, nem palavras, nem olhares… é tudo falso como falsas são as nuvens que ora se aglomeram ora se dispersam deixando que laivos de ilusões se entrelacem e cruzem sem qualquer consequência… mas vou subindo… a finalidade é tocar o belíssimo painel que está ao cimo da escadaria que escolhi…
30.06.05
Às vezes, depois de subirmos, descemos, e descemos muitos mais degraus do que os já havíamos subido… faltam-nos as forças, faltam-nos as estratégias de sucesso para as subirmos. Falta-nos a realidade para podermos encarar a fragilidade das nossas incapacidades.
Mas também há os que subindo com fulgor, vão perdendo as forças, a vontade, e sem se aperceberem voltam de novo ao primeiro degrau da subcave… e sem sequer saberem se conseguirão passar ao degrau dois, subestimam as suas qualidades. Subiram demais e depressa demais…mas ainda descem mais rapidamente…
Muitas das vezes há quem não se aperceba que está a subir em marcha atrás…
E ao mais pequeno desvio de atenção, cai. Se a queda é desastrosa… poderá não se levantar mais…
O Amor é o belíssimo painel que embeleza a parede do último lance… que aos primeiros degraus apenas é uma paisagem disforme, esbatida, de contornos indefinidos… depois, se conseguimos ir subindo de degrau a degrau, vamo-nos apercebendo de alguns detalhes dos seus contornos, que nos encantam, que nos desvanecem… parece uma imagem que nunca mais alcançamos… e tentamos tocar, para satisfação pessoal e engrandecimento espiritual…e ganhamos folgo e mais uns degraus se sobem, desta escada íngreme e que exige esforços redobrados, para que possa ser subida…
Mas porquê a cada degrau que sobes, retrocedes três?... Incapacidade? Incompatibilidade? Sentido inestético da estética e a não aplicabilidade das teorias propagadas? Como se pode olhar para toda a estatuária que acompanha a escadaria, e, se consegue apreciar a estátua mais disforme que se mistura entre todas? Como se pode desfazer de toda a qualidade da peça de arte, e depois se fica desvanecido perante tamanho “mamarracho”? Realmente a Arte é ambígua! E tal como a Arte, o Amor também o é… e ao fundo da escada, lá continua a bela paisagem nos aguardando… a paisagem paradisíaca, de cores repousantes, repleta de recantos convidativos às mais intimas ternuras…
Quando subo mais um e um dos degraus, penso e repenso na subida feita, que ficou à retaguarda e com certa curiosidade, comparo os conceitos que fiz de tal ambiguidade dos sentimentos que tive, com os que tenho e com os que perdi… ou que recusei ter… não aceito confusões… nem ambiguidades… Gosto da pureza desinteressada da paisagem ao cimo da escadaria que estou subindo.
Os degraus da subcave são escorregadios. Se não soubermos pisar com segurança, dificilmente passaremos ao lance seguinte… alguém quer ajuda?...
A paisagem ficou nítida, quase que de repente. Como foi belo vê-la de tão perto… a coloração esbatida do arco-íris ao canto superior esquerdo, fazia lembrar o da cascata de Penha Longa a certas horas em que o sol tinha um ângulo propício a essa maravilha da Natureza… recordações da triste beleza de tempos que já lá vão…
Mas em causa estamos nós e só nós. Distanciámo-nos na subida da escadaria, até porque me apercebi que nunca te interessou qualquer tipo de estética e de beleza… e eu fui subindo e continuarei a subir a minha escada, ladeada de estátuas de mármore rosa…
O amadurecimento de novos frutos, de novas primaveras, cairá em outras terras, em que reabastecerás toda a tua empolgante magia e far-te-à encontrar o que não conseguirás seguramente, ao cimo da escadaria que ias subindo…
A escalada da escadaria propicia um pensamento novo a cada degrau, mais imaginativo, mais suculento dos sabores da vitória, dos sabores do desconhecido e atrai. Atrai a curiosidade, a vontade de se estar mais próximo: o desejo!
Perdendo o entusiasmo de continuar a subir, tudo se torna rotineiro e desinteressante… talvez mudando de escadaria… pois há as que não vão dar ao painel do Amor. Podemos escolher a paisagem que melhor se coadunar connosco…
Eu vou subindo. Muito só, muito triste e sobretudo muito desiludida. Levei décadas a tentar subir a íngreme escada que tenho em frente e dificilmente estou a conseguir chegar ao topo… Estou cansada. Estou saturada. Estou fragmentada em milhões de partículas de desespero… nem música, nem palavras, nem olhares… é tudo falso como falsas são as nuvens que ora se aglomeram ora se dispersam deixando que laivos de ilusões se entrelacem e cruzem sem qualquer consequência… mas vou subindo… a finalidade é tocar o belíssimo painel que está ao cimo da escadaria que escolhi…
30.06.05