FRAGMENTOS INSÓLITOS
Diz-se que o criminoso volta sempre ao local do crime. Não só! Qualquer artista visita, pelo menos uma vez o local, a paisagem, a estátua, que o impressionou e deu origem à sua obra.
O destituído de sentimentos, volta sempre a cometer a mesma agressividade, mesmo que já tenha sido indirectamente criminoso…
Também qualquer um de nós volta a um qualquer local que lhe traga recordações, quanto mais não seja para reencontrar o irreencontravel…
Não fujo a esta regra, característica humana, por isso mesmo, vim ao mesmo café, sentei-me na mesma mesa perto da montra onde estive, quando há meses atrás vi passar o Silveira Caeiro e a quem não tive coragem de chamar, admitindo que não se lembrava de mim.
Possivelmente não me iria reconhecer como a jovem de há umas décadas… a loira explosiva de cintura fina e seios grandes, muito bronzeada, a quem chamada a amiga brasileira e a quem dizia vezes sem conta que seria a única pessoa com quem se casaria… Coitado! Triste ilusão… detestava a prosápia do bonitão… e felizmente que as ilusões de adolescente não afectaram a minha existência… eu até afirmava que nunca me casaria, e, burrices dessas eram só para artistas de cinema, que casavam e descasavam, como quem punha e tirava as luvas…
Mas o Silveira Caeiro não passou por aqui hoje e sem qualquer tipo de confrangimento, apenas me dediquei a escrever, para passar o tempo e observar quem entrando e saindo do café, ia tomando a sua biquinha antes de seguir o seu destino. Simultaneamente fui ouvindo as notícias que, interceptadas por diálogos mais inflamados, lá me deixavam perceber que o transito estava caótico em certas zonas da cidade e que o tempo estava incerto e com alterações de temperatura por todo o país.
Choveu e agora rompe o sol e por isso já não se justifica continuar prisioneira desta mesa de café, tendo como vizinho do lado um cavalheiro que vai lendo o seu jornal diário e tremelicando as pernas, sinal de que está dominado por um estado de angústia ou a fazer uma depressão… vai lendo e escrevendo no seu mini computador de bolso e atendendo uma ou outra chamada telefónica… sempre os telemóveis… penso que já é mania, pelo menos em alguns idiotas que conheço… gente grande!!!
Nove e meia. A rotina matinal foi quebrada e não pude ouvir o Professor Júlio Machado Vaz, no seu Amor é, focando assuntos sempre novos de temas velhos, que me deixam encantada…
A manhã vai alta e os últimos elementos activos desta sociedade de trabalhadores, vão dando umas corridinhas para os seus locais de laboração… de jornal debaixo do braço e alguns com as pastas dos computadores portáteis, mostrando que são gente de alto gabarito informático…alguns, como também conheço, é só para mostrarem que os euros lhes furam os bolsos…
Eu sem nada para fazer por agora, vou caminhar e deixar que o tempo passe, observando aqui e além, até à hora do compromisso com os meus pupilos seniores… vou andar só, como geralmente gosto de fazer, sem destino, e admirando tudo e todos…
No Cais do Sodré, um grupo de carteiristas foi metendo as mãos nos bolsos dos homens que se cruzavam com eles e nas malas das senhoras mais incautas…havia muita gente por ali… penso que o magote estava estruturado para lançar a confusão e “safar-se” com o que pudesse…
No Chiado, uma senhora de idade dirigiu-me a palavra para me pedir que lhe desse uma moedinha para comer alguma coisa. Contou-me uma história de arrepiar as pedras da calçada e eu dei-lhe as moedas, desejando que passasse o dia o melhor que lhe fosse possível…com tanta gente a passar, não percebi muito bem porque fui a escolhida… devo ter cara de rica ou de parvalhona…
É verdade, hoje é dia de São Pedro! Parece que já ninguém liga a isso de Santos Populares… aliás já ninguém liga a nada… apenas se discutem acidentes, mortes no Iraque, lutas entre Israelitas e Palestinianos, não falando do aumento de impostos… de greves…e hoje Lisboa cheirava mesmo mal…não se verificara a recolha dos lixos e só se viam sacos e recipientes cheios…
Mas o dia não ficava por aqui! Que giro! Insólito e inacreditável! Há cada palhaço… mesmo no mau sentido: Depreciativo!
Se escrevesse e descrevesse a nojeira que senti ao apreciar certas figuras que as pessoas fazem, porque perderam o sentido do ridículo… não haveria espaço!
Mas nem tudo se passou na negativa. Recebi uma bonita prenda, cheia de carinho e dedicação. Ainda há gente que reconhece os amigos!
Cheio de controversas passagens, o dia de hoje vai ficar memorável…
A esta folha mais do Diário que vou escrevendo, vou dar-lhe um título diferente: Fragmentos insólitos.
Tudo tem uma explicação. Os fragmentos, foram todos os espaços do dia que foram passando por mim, ou eu por eles, mas isso não está em questão. Insólitos foram apenas os momentos em que apreciei o olhar patético, com que eram observadas certas pessoas em simultâneo com o comprometimento patenteado. Uma atmosfera de falsidade fez-me sentir, uma vez mais, usada e espoliada da minha integridade feminina… já não se pode andar por aí sem que nos sintamos a mais…
Finalmente regressei a casa! O meu refúgio. Os meus papéis… os meus contactos… a minha intimidade! Liberta!
Foi o dia dois do ano um!!!
O destituído de sentimentos, volta sempre a cometer a mesma agressividade, mesmo que já tenha sido indirectamente criminoso…
Também qualquer um de nós volta a um qualquer local que lhe traga recordações, quanto mais não seja para reencontrar o irreencontravel…
Não fujo a esta regra, característica humana, por isso mesmo, vim ao mesmo café, sentei-me na mesma mesa perto da montra onde estive, quando há meses atrás vi passar o Silveira Caeiro e a quem não tive coragem de chamar, admitindo que não se lembrava de mim.
Possivelmente não me iria reconhecer como a jovem de há umas décadas… a loira explosiva de cintura fina e seios grandes, muito bronzeada, a quem chamada a amiga brasileira e a quem dizia vezes sem conta que seria a única pessoa com quem se casaria… Coitado! Triste ilusão… detestava a prosápia do bonitão… e felizmente que as ilusões de adolescente não afectaram a minha existência… eu até afirmava que nunca me casaria, e, burrices dessas eram só para artistas de cinema, que casavam e descasavam, como quem punha e tirava as luvas…
Mas o Silveira Caeiro não passou por aqui hoje e sem qualquer tipo de confrangimento, apenas me dediquei a escrever, para passar o tempo e observar quem entrando e saindo do café, ia tomando a sua biquinha antes de seguir o seu destino. Simultaneamente fui ouvindo as notícias que, interceptadas por diálogos mais inflamados, lá me deixavam perceber que o transito estava caótico em certas zonas da cidade e que o tempo estava incerto e com alterações de temperatura por todo o país.
Choveu e agora rompe o sol e por isso já não se justifica continuar prisioneira desta mesa de café, tendo como vizinho do lado um cavalheiro que vai lendo o seu jornal diário e tremelicando as pernas, sinal de que está dominado por um estado de angústia ou a fazer uma depressão… vai lendo e escrevendo no seu mini computador de bolso e atendendo uma ou outra chamada telefónica… sempre os telemóveis… penso que já é mania, pelo menos em alguns idiotas que conheço… gente grande!!!
Nove e meia. A rotina matinal foi quebrada e não pude ouvir o Professor Júlio Machado Vaz, no seu Amor é, focando assuntos sempre novos de temas velhos, que me deixam encantada…
A manhã vai alta e os últimos elementos activos desta sociedade de trabalhadores, vão dando umas corridinhas para os seus locais de laboração… de jornal debaixo do braço e alguns com as pastas dos computadores portáteis, mostrando que são gente de alto gabarito informático…alguns, como também conheço, é só para mostrarem que os euros lhes furam os bolsos…
Eu sem nada para fazer por agora, vou caminhar e deixar que o tempo passe, observando aqui e além, até à hora do compromisso com os meus pupilos seniores… vou andar só, como geralmente gosto de fazer, sem destino, e admirando tudo e todos…
No Cais do Sodré, um grupo de carteiristas foi metendo as mãos nos bolsos dos homens que se cruzavam com eles e nas malas das senhoras mais incautas…havia muita gente por ali… penso que o magote estava estruturado para lançar a confusão e “safar-se” com o que pudesse…
No Chiado, uma senhora de idade dirigiu-me a palavra para me pedir que lhe desse uma moedinha para comer alguma coisa. Contou-me uma história de arrepiar as pedras da calçada e eu dei-lhe as moedas, desejando que passasse o dia o melhor que lhe fosse possível…com tanta gente a passar, não percebi muito bem porque fui a escolhida… devo ter cara de rica ou de parvalhona…
É verdade, hoje é dia de São Pedro! Parece que já ninguém liga a isso de Santos Populares… aliás já ninguém liga a nada… apenas se discutem acidentes, mortes no Iraque, lutas entre Israelitas e Palestinianos, não falando do aumento de impostos… de greves…e hoje Lisboa cheirava mesmo mal…não se verificara a recolha dos lixos e só se viam sacos e recipientes cheios…
Mas o dia não ficava por aqui! Que giro! Insólito e inacreditável! Há cada palhaço… mesmo no mau sentido: Depreciativo!
Se escrevesse e descrevesse a nojeira que senti ao apreciar certas figuras que as pessoas fazem, porque perderam o sentido do ridículo… não haveria espaço!
Mas nem tudo se passou na negativa. Recebi uma bonita prenda, cheia de carinho e dedicação. Ainda há gente que reconhece os amigos!
Cheio de controversas passagens, o dia de hoje vai ficar memorável…
A esta folha mais do Diário que vou escrevendo, vou dar-lhe um título diferente: Fragmentos insólitos.
Tudo tem uma explicação. Os fragmentos, foram todos os espaços do dia que foram passando por mim, ou eu por eles, mas isso não está em questão. Insólitos foram apenas os momentos em que apreciei o olhar patético, com que eram observadas certas pessoas em simultâneo com o comprometimento patenteado. Uma atmosfera de falsidade fez-me sentir, uma vez mais, usada e espoliada da minha integridade feminina… já não se pode andar por aí sem que nos sintamos a mais…
Finalmente regressei a casa! O meu refúgio. Os meus papéis… os meus contactos… a minha intimidade! Liberta!
Foi o dia dois do ano um!!!
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