terça-feira, junho 28, 2005

PÓS MORTE DO SEXAGÉSIMO ANIVERSÁRIO!



Hoje foi o dia seguinte! “The day after”!... acordei após um curto sono e irrequieto, pois que continuava a passar pelos meus olhos, como se fora um ecrã gigante, a tua entrada, triunfal, após uma campainhada na porta, que me fez pensar em tantas coisas, revivendo-as e deixando a minha alma e corpo numa efervescente exaltação… sentindo todos os minutos tão profundamente, que, em descomedimento exagerado, me senti desconfortável... Sei que sou exagerada nos meus sentimentos, mas ante certas e determinadas realidades, creio que perco o total controlo e nem consigo avaliar o comportamento… depois parece que não me domino, deixando o olhar agitar-se numa irreverente e terrível angústia, crueldade e crítica, que, originando indiferença e raiva simultâneas, põe-me letárgica e conjuntamente muito triste…
De repente cansei-me de tudo. Fiquei até irritada comigo própria, pois nem estava a respeitar o velório do meu sexagésimo aniversário… Senti-me uma idiota por ser assim como sou, estupidamente ansiosa por algo que apenas imaginara… Invariavelmente repito o mesmo erro e pareço nunca aprender: Conjecturações não são realidades!!! Não passo de uma idiota!!! Mas sendo assim e assim sendo, e estando sempre em constante agitação, e entrando desnecessariamente em fúria, numa exagerada revolução de sentimentos, perco-me na indecisão do que quero e do que não quero, do que sei que existe e que não alcanço, por todas as causas que levam a tão nefasta conclusão…
Passaram-me pelos olhos todos os escritos que fui escrevendo por mais de quarenta décadas, juntando aos que leio e às fotos que tiro e às que fabricas e cheguei a conclusões horripilantes… e por isso toda a revolta da tua figura… mentiras… até ante o repasto celebrativo ao recém finado sexagésimo aniversário da minha existência me pareceste indigno… que terias feito?... achei ridículo e simultaneamente sem significado… perguntei a mim própria pela validade das coisas que já me havias dito por mais de uma vez e por mais de uma vez sinto que é falso o teres deixado de sentir… Desculpa ter de dizer-te isto, é o que me ficou na alma! As tuas palavras também me ajudaram a pensar um pouco mais, não havia necessidade de desculpas…
Depois foi-se passando o tempo, com o repasto a ser consumido e eu revendo década a década os desalinhos dos meus sentidos, as lacunas por preencher… as irreverências sofridas, as revoltas e as frustrações, os desejos e a aniquilação das vontades, a expectativa de um dia acontecer sem que nada acontecesse… anos e anos à espera que corpo e alma sentissem todo o fulgor extravasado… mas sempre reprimido… pela aniquilação da vontade…

Diziam os antigos, que quando uma alma sobe aos céus, outra entra na Terra… entrei no ano um da sexagésima etapa da vida, depois de celebrar o funeral da anterior… e como assim, vou celebrar essa vinda do ano um, prometendo que cumprirei o que prometi: satisfazer todos os desejos e prazeres. Vou ser implacável na aplicação da satisfação procurada…

Não vou permitir que um único segundo deste ano um seja igual a todos os outros que acabei de acompanhar à última morada…Quando disseste que era importante uma forma nova de amar, mesmo que não chegasse a factos consumados, compreendi e acatei o conselho… não vou perder um segundo que seja, a partir deste ano um, para realizar seja o que for…Urge que me decida!

Passada a meia-noite e após ter sido o sexagésimo aniversário enterrado e festejado o ano um desta nova era, vim escrever enterrada na revolta de ter de te olhar como se foras apenas as palavras que fui escrevendo desde sempre, para que as lesses…sem nunca as poderes ler… memórias não lêem. Pensamentos do além não deixam exteriorizar sensações… e como solução, apenas resta a coragem para queimar os escritos e queimar as posturas certinhas não voltando a atravessar a ponte que construíste para me distanciar de ti…
Há forma de me expressar que apenas tu e somente tu entendes. São formas escritas, são todas estas palavras. São todas as lágrimas que chorei nas décadas anteriores e que serão a fonte de inspiração para o início de realizações até agora interditas…são as realizações que me separarão da vida para a morte…

Free Hit Counter