quinta-feira, setembro 28, 2006

SUSPIROS OUTONAIS!


Este, este é aquele meu dia sem fim,
Com o brilho solar a fazer sombra alongada
E com um desejo imenso que chames por mim…
Para me dizeres tudo, ou apenas os teus nada…


E todos os teus dizeres, que são assim,
Como a sombra tardia, esbatida e esticada,
Tais como longas notícias daquele pasquim…
Ou de alguém que sonha, sempre apaixonada…


E vento e vento, baloiçando as sombras esguias,
A sussurrar neste dia, sobre tristes fantasias,
Que vejo ampliar, como a sombra dentro de mim….


E sombra e sombra mais esta brisa outonal,
Dentro do meu peito, qual dor infernal,
Deixa que ainda te ame, mesmo assim……


27.09.06
isabel

PALAVRAS ESCRITAS


Com tantas letras e aí está a palavra…
Vagabunda é a palavra que escrevo,
Que sem destino, como o fogo, lavra,
Sem nunca dizer o que não me atrevo…


Interromper, indecorosamente, a palavra,
O ciclo branco do espaço onde escrevo,
Devasto o meu sentir, como o fogo que lavra,
Porque nem com a palavra Amor, me atrevo…


Dizer que me apaixonei pelas diferenças,
Que bendigo o dia que deixei as crenças
E passei a dar-te toda a minha escrita…


E neste rectângulo branco, riscado,
Lá estou a repetir, que és o meu amado,
Hoje e sempre, enquanto eu exista…

27.09.06
isabel

quarta-feira, setembro 27, 2006

CET AUTOMNE…


Les feuilles mortes sont par tout le côté
Et comme d'habitude, seul, je m’en vais…
Parce que quand sonne l'heure

Et le ciel n’est plus bleu,
Et est grise la clarté
Tu ne viendras jamais…
Et tous mes soupirs pleurent
Parce que tu es partout ailleurs
Tu, que tu es mon rêve...
Cet automne tu t'es allé,
Peut-être pour n’en retourner…


27.09.06

segunda-feira, setembro 25, 2006

ASAS DO PENSAMENTO


Ninguém voa nas alturas
E penas, leva-as o vento
Já ninguém nos dá ternuras…
Nem que seja em pensamento…

Se acreditas em aventuras,
Meu amigo! Ai que lamento…
E pecados são desventuras
Por termos perdido o momento…

Sem se saber o que é pecado,
Repudiamos quem nos é amado
E passamos a vida a sofrer…

E pecado apenas é a agonia
De toda a louca fantasia
Em que nos faziam crer…


25.09.06
Isabel – réplica ao CARETAS do Gonçalinho

sábado, setembro 23, 2006

NÃO ME LEIAS!


Não queiras ler o que escrevi…
Não queiras entrar neste quarto solitário,
Nem olhar as paredes arranhadas,
Cheias de laivos de sangue, um calvário…

Não queiras saber porque não te vi,
Nem porque não te enviei mensagem…
Iria usar as palavras que já li,
Falsos sonhos, uma miragem…

Toda por dentro, tenho vontade de chorar
Toda eu sou a dor a passar…
Porque tenho este segredo…

Toda vou morrendo lentamente,
Sem encontrar a palavra eloquente,
Que por te amar, tenho tanto medo…


23.09.06

quinta-feira, setembro 21, 2006

Sonhos


Sonhos: são sonhos…
Às vezes desafios que impulsionam,
Que mexem com a vida,
Que nos motivam,
Que nos emocionam…
Ou são pesadelos medonhos…
Podem ser uma crise sentida,
Ou então até nos alegram...

E, às vezes até nos entristecem,
Quando não se realizam...

Mas, o sonho não é tão simples,
Quanto parece.
Pode ser uma actividade perigosa,

Se desejarmos muito…
Ajustamos uma energia poderosa,
Não o escondendo de nós,
Nem do verdadeiro sentido da nossa vida…

Quando queremos algo,
Fazemos a escolha e o preço a pagar
E avançamos sem hesitar…

Mas seguir um sonho tem um preço.
Pode criar-nos dificuldades,
Desânimos, decepções.
Pode exigir que abandonemos velhos hábitos,
Será isso que mereço?!!!


Mas por mais alto que seja esse preço,
Jamais será tão grande, como o que pago,
Por nunca viver o meu sonho...
E um dia, vou olhar para trás, ver tudo o que não fiz.
Vou escutar o coração a perguntar:
Porquê desperdiçaste a tua vida?

Essa será a pior constatação que vou fazer…
Então, será tarde demais...


21.09.06


terça-feira, setembro 19, 2006

MUITAS, MUITAS PALAVRAS



Muitas, muitas palavras,
Palavras sempre para me alimentar,
Palavras para sonhar
E tantas vezes, para me mortificar…
Mas são palavras,
Que são felicidade?
Que trazem a morte,
Depois da solidão…
São como um punhal que cravas,
No fundo do meu coração...


19.09.06

sábado, setembro 16, 2006

DIA 07 DE SETEMBRO


Procuro mas não te encontro.
Chamo e não ouves o chamamento.
Subo os dezanove degraus a correr,
Mas está tudo fechado. Silencioso.
Fico atenta por um breve momento,
Apenas lá fora há o barulho do chover…
Chamo de novo, com um grito vigoroso…
Procuro, mas não te encontro…

Onde anda a minha vida? O meu amor?!
Chamo. Chamo… mas chamo em vão.
Desço os dezanove degraus devagar…
Desço como que descesse ao centro do mundo.
Folheio lentamente o livro desta ilusão
E no fim, diz que nunca me vais amar…
Cerro os olhos. Retenho as lágrimas.
E com um suspiro profundo,
Não vou chorar… … … … …
Pergunto, para onde foi a minha vida?
O meu amor?!!! !!! !!!



Almograve
07.09.06


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