“FOLHA CEM DO DIÁRIO”
Procurei-me por toda a parte;
Meu corpo vazio estava oco
Espreitei pelos olhos e nada vi…
Nada! Não havia nada por dentro
Minha alma partira com um louco
Que nunca sentiu o que eu senti…
A nefasta ilusão feneceu lentamente
E a minha alma morta tudo perdeu
E o corpo vazio recusa a vida.
Esta alma sem nada ter, tudo deu
Mas sempre tem sido preterida…
O invólucro, este corpo em ruína,
Não voltará a ter boca e sorrir…
Afinal amou sem amado,
Deixou a palavra fluir
Como fumo em ar parado
E agora deixa de existir…
05.10.07
Etiquetas: poesia
1 Comments:
Em todos os lugares está sempre algo, esse algo é um pedaço de cada qual, de mim, de ti e de tudo o que é. O olhar é uma das formas de acesso ao mundo, no entando nem tudo isso preenche, porque o nada é forte, esmaga; a ilusão não permite e activa a esfera da esperança, só que a emoção agira o corpo ligado ao princípio vital, devolvendo por vezes, dada a inquietação, o sentimento de que se está morto e como diz: "E a minha alma morta tudo perdeu / E o corpo vazio recusa a vida". Comparações ao fluir, ao fumo, a leveza, isso que se esvai, no espaço, dissipando-se por todos os lados e lados nenhuns, e assim esse momento tem sempre um lugar, seja com ou sem diário, na folha cem do diário.
Muito profundo, lindo, evoca a força do interior e inquietação triunfante...
Beijinho da Alma
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