segunda-feira, agosto 28, 2006

VOU DIZER


Um destes dias vou dizer que te amo,
Que preenches meus dias solitários
Deixando que sonhos sejam melodias
E quando vou ao monte sozinha,
É pelo teu nome que chamo…
Casando a solidão com fantasias…
Sinto-me a voar como uma andorinha….
Choro, grito, enquanto reclamo
Mas assim querer alguém, só causa dano

Um destes dias vou dizer que te amo.
Que entres por aquela porta
E para sempre acabe esta agonia,
A inquietação de quem está quase morta.
É por isso que sempre, tanto reclamo
Embalada por esta tétrica sinfonia…

Mas não há justificação para te amar.
As paredes pintadas ficaram nuas
O chão ficou gasto dos meus passos
De lá para cá, sempre a esperar
De cá para lá, vagueando pelas ruas…
Vestidos, missangas e laços
Pequenas atracções para olhar…
Para não veres as palavras que são tuas…
Para não ouvires as que te quero dar…

Bolas, garrafas, vidros pelo chão,
Carrascos que punem sem compaixão
Tudo o que oiço, são as palavras falaciosas,
Vestidas de magia, … tão amorosas…
Passam por mim como vento a varrer
E destruída pelo vento, quero morrer….


28.08.06

2 Comments:

Blogger jorgeferrorosa said...

Amar... o impossível que jaz? Ou não! Se o dizer resolve... força! E depois de dito? Satisfeita? Sonhos, esvoaçar fantasioso por alguém que o tempo já levou e nem o tempo parece ter apagado dessa memória; eternamente a dor, o tempo do masoquismo. Não merece mais choro, dor e o perpétuo queixume. Diz de dizer, isso "vou dizer que te amo" e dizer tudo e nada. Resolve? Um morto nada pode fazer, a sua consciência não existe e os sentimentos não têm lugar algum... é como uma pedra. Pensarão as pedras? Nada de inquietação mas o que resta é viver e lágrimas apenas põe em função as glândulas lacrimais, claro limpeza ocular.
justificação? Isso diz respeito ao interior, ao subjectivismo, fazendo parte das paredes pintadas e dos muros caiados, ou das manchas de grafitti...
Palavras falaciosas para um morto, nada servem... hoje morreu uma colega minha e o que resta? Os acidentes são somente para quem vive e não para os mortos. Depois de tudo isto, o que poderei mais dizer? Também vou vagueando pelas ruas, as ruas da minha vida. Nesta cidade, sou o vazio que amplia na amplitude das horas.
Trabalho excelente, pena ser de cariz tão sofrido.
Beijinho do
Jorge Ferro Rosa

9:03 da tarde  
Blogger Leonor C.. said...

Lindo e sofrido.

10:29 da tarde  

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