CAUSTICO SENTIMENTO
Amor, que sentimento tão estranho.
Amor, que não tem cor nem tamanho…
Amor, que de tão belo és triste,
Mas a que nenhuma alma resiste…
Amor, que devias fazer sorrir
E apenas finges amar, para ferir…
Amor! Queria tanto te louvar,
Dizer ao mundo que estou a amar…
Mas para quê devaneios de palavras,
Se com as tuas, tudo travas?...
Porquê, porquê se tem de amar em dor;
Amar tanto, a quem não nos tem amor….
19.10.06
3 Comments:
Joaninha!!!
Não te agarres muito ao amor!!
Pois começa com festa, há foguetes, luzes, musica, alegria...é a festa do amor que se faz...e depois? A festa não dura sempre...e o que fica depois da festa???
Prefiro a amizade:
Perguntou o amor à amizade...
- mas afinal quem és tu?
- Chamo-me amizade...
- E para que serves?
- Olha, sirvo para limpar as
lágrimas que tu deixas cair!!
Muita força!!!
beijinhos!!!
Joaninha, vim por curiosidade, ver o seu blog. Não me arrependo. De atmosfera um tanto ou quanto céltica, de percurso incompleto, é certo, porque a dor, parece-me, ainda não lhe esgotou a doçura --elsa nyny está correcta, salvo que, quando a amizade é verdadeira, ela mesma, com laivos de amor, há-de estar sempre próxima de ser traída--.
Acho que a Joaninha terá construído o seu oásis com imagens agradáveis e uma música de fundo divinal... Por quê, então, o apelo ao amor e à alma entre roletas e slotmachines. Será que procura a garantia de qualquer das sortes, querendo a certeza de não ser totalmente vencida: quem sabe, não tenha sorte ao jogo?
Creia que não sou puritano nem sou moralista, mas aprecio a adequação dos espíritos. Online Casino não faz qualquer sentido num blog que se pretende, essencialmente, de afectos. E isto,por mais que se tente, não se ganha, encontra-se.
Peço desculpa, mas apenas tentei ser construtivo.
Sem que tenha outro intuito que não seja o de lhe demonstrar(?) que no amor não há, em regra, senão padecimento, deixo-lhe um poema que construi, sobre o concerto de Aranjuez, de JOAQUIN RODRIGO, num momento em que me sentia incompreendido, mas em que cresci, porque percebi que, dificilmente, alguém estará à altura das figuras que imaginamos.A poesia tem destas misérias.
Peço desculpa por ocupar tanto espaço
... EM ARANJUEZ... EM ARANJUEZ, MEU AMOR!...
Ai, Joaquin, esse lacrimejar dolente da guitarra, esses dedos que erram e sofrem, que lhe adoçam as cordas e lhe tiram do ventre o grito harmonioso, desesperado e doce; que compõem o perfume, nostálgico, de dúvida e de ausência...
Em fundo, a voz Divina, o bâlsamo-oboé que te conforta, que ameniza e fecunda e lapida as agruras da alma, e que releva, em ti, a coragem de quem, por amor, não aceita fugir no desespero...
Sabes, Joaquin!..., todos sonham o amor sem freio nem limite, em dádiva recíproca, que apequene quaisquer imensidões... mas sem terem noção do que seja o amor.
Diz-lhes, Joaquin, que Aranjuez não é o devaneio de um encontro, é a angústia inspirada por muitos momentos; o louvor temeroso de adeus; o céu composto à Terra Prometida.
Aranjuez, Joaquin, é a marca sublime do amor eterno sem juramento nem compromisso; o abraço prometido pelo Cosmos às almas certas que se encontraram; que, sem medos, esqueceram os cálculos de futuro, porque, Joaquim, à eterna juventude, basta o amor de cada momento...
Diz-lhes, Joaquin, que as trevas tomam o lugar da luz e te iluminam e te fazem sábio e santo, na oração a Deus, quando a Vida te ameaça de ensaio e de pranto... porque outra alma, complemento da tua, se debate com a morte.
Diz-lhes, Joaquin, que te ilumina o clarão da Terra Encontrada, e são porquês, as pausas entre os dedos: questões que a Deus colocas, tão de repente O ouves, tão de repente te perguntas e te respondes; te inquietas e te acalmas, na esperança de que a Vida sobreviva e permaneça...
Ai, Joaquin, Joaquin!..., o teu temor e o teu presentimento!... O teu entrar em ti para te abeirares de Deus... Para colheres dos seus olhos a vontade que nEle se constrói... Há requiém, Joaquin... Mas há, sobretudo, ascensão e preguiera...
Ai, Joaquín!..., quanto o amor instiga, quanto o amor tolera! Quantos os pedidos e as promessas! Quantos os gemidos e os ardores! Quantos os sorrisos e as lágrimas: contas que os dedos contam no rogo do tempo ao Tempo… Mais tempo, Joaquín… mais tempo, como se todo o amor provenha do futuro e lá se regenere; como se toda a luz que te anoitece seja o gastado coto de uma vela, bruxuleante e ténue, sucumbindo ao faminto negrume que escurece todos os luares.
Ai, Joaquim, Joaquín!..., como tanto demoram as esperas!... Como tudo o que amamos nos torna frágeis!... Quem sabe se Deus reconsidera!... Espera, Joaquín, espera…
A paixão rasga, o amor sutura?... A paixão queima, o amor acalma?... A tempestade não mata a primavera; que a fé supera o medo e a tormenta, e a Vida necessita, apenas –assim parece–, de experimentar a nossa crença, como se toda a Obra fosse incerta, e Deus, sujeito do temor, apenas inseguro.
Ai, Joaquín, Joaquín!..., os dias são suplício e aleluia; são angústia e doçura… Os poentes, tristeza e alegria, porque também contemplam amarguars.
Os anjos e os demónios voam por todo o espaço; as trombetas misturam-se e anunciam –são tão difíceis, Joaquim, as leituras!–.
É ele Quem ignora e sabe. Ele É o abismo e o cume; a alvorada e o leito; a doença e a cura. É Ele Quem te confunde e Quem te guia. É Ele Quem, do negro, ressuscita a alvura… Pertences-lhe, Joaquín, confia!... São dele todos os projectos de futuro…
De cada pena, branca, das penas que tiveres –de ti que crês–, as suas mãos moldarão uma asa, e a alma por que pedes, leve e protegida pela tua ternura, há-de voar contigo…
… A distância deixou de ser lonjura. Já nada te separa do infinito. Repousas, puro, na brisa e no sussurro.
Em ti, Joaquín, o sonho já não é utopia, a Eternidade deixou de ser quimera: o tempo roga ao Tempo. É Deus, agora, Quem ora e Quem espera…
P.S.: o poema é paralelo ao Concerto, jogando com a emoção e com as pausas, como se se perceba o que nos dizem os instrumentos.
Tentarei dar-lhe voz, qualquer dia.
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