terça-feira, outubro 03, 2006

AO SOL POSTO


A ausência não vai trazer descrença, não.
Deixa o rasgão profundo, como as brechas na terra,
nos estios quentes e longos, como oceanos…
que não são a fronteira para nos separar…
mas um laço apertado, para mais te amar.
E os frutos maduros, as ondas do mar…
as discórdias, as zangas, a guerra…
não vão acabar com a minha ilusão…


o gosto dos teus lábios, são cerejas maduras,
são figos, são chocolate a derreter…


nas veredas do monte vejo a tua silhueta desenhada
e quero passar-lhe os dedos logo ao sol posto
para voltar a sentir as doces curvas do teu rosto,
onde ainda ontem passava minha boca,
cheia de ternura envergonhada,
mas plena da minha paixão louca…


Suculentos, os teus beijos deixam-me em êxtase,
são o suco das ameixas da minha infância…


E logo, ao entardecer, vou outra vez ao monte,
para recordar o sentir e voltar a vibrar,
porque quero dentro de mim guardar, eternamente,
o que a distância não faz parar,
nem a ausência jamais fará perder…
Vou esperar-te. Que venhas de mansinho,
como a brisa que vem do rio,
para meus braços, para te dar meu carinho…


03.10.06
isabel


(réplica inspirada no poema de GNM)

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