quinta-feira, outubro 05, 2006

NADA


Duas vogais, duas consoantes: uma palavra - n a d a - eu!
Mas um dia fartamo-nos de não ser nada. Um dia, o vento sopra sul, as nuvens formam montanhas escuras como o granito e são tão densas, que paira uma escuridão intercalada com o riscar dos relâmpagos, que nos ofusca as ideias. E do pensamento, passamos à acção, e a acção é o nada. Ser mesmo nada!

Ser nada, implica ser mesmo nada para todas as coisas. Um nada não existe e se existiu passa a não existir mais. Não contestes! Foi mesmo isto que quis escrever, porque foi isto que me disseste: Não és nada! Não me apetece que sejas mais do que nada!

Um nada não ocupa espaço. Um nada não ouve mentiras. Um nada não sente que está sendo designado por nada. Um nada não reclama carinhos. Um nada não fuma cigarros para esconder a sua ansiedade, nem tão pouco troca, vende ou compra seja o que for…a um nada não se cobra nem se dá. Eu sou um nada!

Um nada não necessita falar. Um nada não ouve nem vê. Um nada não escreve e como não escreve, ninguém o lê…

Um nada, de nada carece. Não necessita que considerem que alguma vez existiu, porque sempre foi nada… Apenas nada!

E como nada, sem palavras, sem um querer, sem uma ilusão, sem absolutamente nada, o nada sou eu.

Um nada de nada tem saudade e como não é nada, também ninguém tem saudades de um nada… e como nada, sem utilidade, sem que mereça qualquer atenção, apenas por aqui fico, sem nada…

05.10.06

Free Hit Counter